10 de maio, um dia histórico na resistência pela democracia. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 11 de maio de 2017 às 15:05
Curitiba, 10 de maio de 2017

O dia 10 de maio de 2017 entrou para a história desse país como uma das mais importantes, vigorosas e empolgantes datas para a ininterrupta necessidade de defesa de nossa democracia.

Marcado pelo primeiro confronto direto do que se confirmou ser uma verdadeira batalha épica entre o maior líder popular do Brasil e um dos mais emblemáticos representantes da plutocracia e da degeneração judicial e midiática brasileira, o embate transpôs as quatro cordas da arena oficial.

Durante todo o dia, os olhos do Brasil e de boa parte do mundo (jornais de vários países se fizeram presentes em Curitiba) estiveram voltados para a capital paranaense onde o ex-presidente Lula e o juiz Sérgio Moro estiveram pela primeira vez frente-a-frente.

Muito antes, porém, do dia, horário e local marcados para o depoimento de Lula a Moro, os dois lados (sim, Moro representa um lado) prepararam as armas de que dispunham.

Enquanto o juiz federal de 1.a instância municiou-se de depoimentos “coincidentemente” solicitados por réus da Lava Jato dias antes, o ex-presidente pôde contar com um verdadeiro “exército” formado por dezenas de milhares de pessoas vindas de todas as partes do país.

O movimento a que muitos chamaram de “Ocupa Curitiba” superou as expectativas dos organizadores. Fosse em frente do fórum federal, no acampamento montado pelo MTST ou na praça Santos Andrade, também conhecida como praça da democracia, milhares se reuniram em apoio a Lula.

Enquanto o ex-presidente realizava um dos mais longos depoimentos de toda a operação Lava Jato, homens e mulheres de todas as idades e classes sociais ouviam políticos, lideranças sindicais e demais convidados no palco montado na praça Santos Andrade.

Nem mesmo um princípio de chuva no início da tarde foi capaz de afugentar os presentes. Numa poderosa demonstração de seu incalculável capital político e prestígio popular, Lula foi saudado, já por volta das 20 horas, por uma multidão que o aguardava desde o início da manhã.

Logo após a fala da ex-presidenta Dilma, num discurso emocionado, reiterou a sua inocência, a perseguição política e midiática da qual está sendo vítima durante anos, a desconcertante falta de provas por parte do MPF e principalmente a sua vontade e disposição de voltar à presidência através de eleições diretas.

A julgar pelo que se viu em Curitiba durante todo o dia do depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro, ficou nítido para todos e sobretudo para os seus principais adversários, o porquê da urgente necessidade de tirá-lo, seja de que maneira for, da disputa presidencial de 2018.

Inegavelmente, no atual momento que o Brasil vive hoje, nenhum político brasileiro seria capaz de ser beneficiário de tamanha mobilização em sua defesa.

Seja como for, desse grande embate, mais do que Lula, restou vitoriosa a democracia.