Sobre 2014

Atualizado em 2 de janeiro de 2013 às 19:00

O barulho sobre a eventual candidatura de Lula a governador do estado de São Paulo

Lula

E voltam a falar em Lula para governador de São Paulo em 2014.

Algumas pessoas parecem surpresas, mas seria uma candidatura óbvia. Do ponto de vista lógico, faz sentido para o PT ter em São Paulo outro candidato que não seja Lula?

Considere.

Dilma não enfrenta concorrência ameaçadora para as eleições presidenciais. Aécio? Hahaha. A única razão para abreviar a administração de Dilma para um só mandato – pela ótica do PT – seria o risco de ela perder. Aí então provavelmente Lula seria convidado, ou convocado, a disputar as eleições, dada sua popularidade.

Mas não é o caso.

Hoje, a oposição é um deserto de homens e ideias. É só dentro desse quadro que se pode encarar a menção a Luciano Huck como candidato a jovem estrela do PSDB. Quando você enxerga em Huck seu futuro político é porque as coisas estão realmente complicadas.

Em suma: Dilma provavelmente ganhe no primeiro turno.

E Lula, que o PT faz com ele?

São Paulo é a resposta.

O PSDB – partido em que tantas vezes votei – acabou se tornando uma espécie de neomalufismo. Está hoje completamente deslocado dos 99% e atrelado ao 1%, numa formidável guinada à direita que lhe rendeu e rende boa mídia mas que custou milhões de votos, várias eleições relevantes e, talvez, o futuro.

Lula provavelmente se elegesse com facilidade governador de São Paulo em 2014. Ou alguém imagina que Alckmin pode oferecer resistência séria?

Imagine debates entre os dois.

De resto, que obra Alckmin tem a mostrar? Que ele fez por São Paulo, estado e capital? Seu cartão de visitas é a destruição de Pinheirinho. Mais recentemente, a polícia de Alckmin tão valente no confronto com os favelados indefesos de Pinheirinho — velhos, mulheres e crianças incluídos — ficou de joelhos no embate com bandidos armados.

Alckmin tem que cair fora.

Leio duas coisas curiosas sobre a eventual candidatura de Lula, ambas condenatórias. A primeira é que Lula em 2014 em São Paulo representaria uma tentativa de acabar com o PSDB.

Licença para rir. Hahaha. Pronto, voltei.

Se o PSDB acabar, não será por culpa de Lula, mas por méritos próprios e intransferíveis. Raras vezes na história política moderna do Brasil, se é que alguma, se viu um partido de ponta ir tão freneticamente contra o zeitgeist, o espírito do tempo, na palavra alemã.

Numa era em que o combate à desigualdade está no topo das prioridades dos homens públicos em todo o mundo, o PSDB cultiva suicidamente um tipo de eleitor que despreza a expressão justiça social e faz tudo pela manutenção dos próprios privilégios. Os tucanos se converteram no último reduto do reacionarismo nacional.

A segunda coisa curiosa que leio é que a candidatura de Lula a governador de São Paulo evidenciaria o projeto de permanência no poder do PT.

Pausa, mais uma vez, para risadas.

Nunca ouvi falar de nenhum partido que não almejasse ficar no poder. Numa democracia, isto só é possível se as urnas ajudarem.

Quem não quer Lula em São Paulo em 2014, e no Brasil nunca mais, tem que conseguir apenas uma coisa: votos.

Esta é a beleza de uma democracia – o pior regime que existe exceto todos os outros, para usar a grande frase de Churchill.