Confissões de uma dependente de iPhone

Atualizado em 15 de outubro de 2012 às 18:15

Me acusam de ficar conectada muito tempo. Mas eu não estou nem aí para isso

Como viver sem isso?

Já estava esperando desde cedo, e assim que a campainha tocou fui correndo atender. Quando vi o cara na porta dei um pulo, e acho que um grito também. Ele riu, e disse que desde sexta feira quando começaram as entregas as pessoas estavam reagindo da mesma forma.

Era meu Iphone 5.

Não é exagero falar que eu não consigo mais largar o Iphone. Ele dorme na minha cabeceira, toca músicas enquanto tomo banho, está sempre no bolso da roupa (somente quando não cabe ele vai para a bolsa). Nele posso também ler livros, revistas e notícias.

O apego é tamanho que uma vez tive de ouvir de uma pessoa que ela sabia que eu não quis atender uma ligação simplesmente porque a desculpa de que eu não estava perto do celular não era crível – só me restou dar um sorriso de admissão.

Já me falaram que eu fico tempo demais navegando no Iphone, que ele está sempre na minha mão. Que eu estou viciada.

Nem ligo.

Sou mesmo. Sou tão dependente que tinha um carregador em casa, na bolsa, outro no trabalho e também no carro. Carrego comigo até uma bateria extra, just in case. No bar que eu freqüentava em São Paulo já sabia qual era a mesa perto da tomada.

Ao contrário do que dizem, não acho que me afasta das pessoas, mas me aproxima. Através do Iphone posso dar mais atenção a minha mãe, com quem falo dia sim, dia não, sem nunca ter estourado uma conta no DDI, ela em Caraguá e eu em Londres. Ligo e mando torpedos para as amigas, minha irmã e meu sobrinho.

Tive benefícios médicos com ele, também. Apareceu em mim uma alergia e liguei para o meu pai, que é médico. Pude mostrá-la a ele pela câmera, que tem uma boa definição, e resolvemos pelo celular mesmo.

Descobri o iPhone há dois anos. Eu tinha um smartphone da Nokia. Até então eu achava que celular era para fazer ligações e no máximo checar emails. Não entendia o que as pessoas viam nos aplicativos que davam voz a gatinho ou imitavam uma mesa de DJ. Os aparelhos celulares até ali estavam diminuindo de tamanho, e o Iphone era um pouco menor que o primeiro PT550 da Motorola.

Mil e uma utilidades, e não é Bombril: meu iPhone e eu

Foi quando tive problemas com a câmera do laptop é que pensei em comprar o Iphone ao invés de trocar o computador todo. Logo descobri que não somente ele iria substituir o meu antigo celular como o próprio lap top, a máquina fotográfica, o Ipod e o GPS.

A cada vez que a Apple lança um iPhone  leio os sites especializados para me inteirar das novidades. Ela é fantástica em marketing, arma um megacirco, e até o mais alienado dos mortais sabe que está sendo lançado mais um produto.

Sempre é a mesma coisa. O que mais vejo são críticas dizendo que o lançamento foi abaixo das expectativas. Os comentários que os leitores deixam nos fóruns de discussão e nas matérias dos sites são na maior parte críticas aos preços, às restrições do sistema, ao monopólio, à semelhança com o Galaxy III. Mas tão logo liberam as vendas é uma loucura.

Foram vendidas 5 milhões de unidades do último modelo nos primeiros 3 dias. Desta vez, fui até a porta da loja na Regent Street para ver a fila que se formava uma semana antes de liberarem as vendas.

Não. Não fiquei na fila. Voltei para casa, e na véspera da pré-venda coloquei o despertador para tocar na manhã seguinte cinco minutos antes da abertura do site. (A outra vez em que fiz isso foi para a pré-venda dos ingressos do show do Eric Clapton em maio de 2013. Ao que me parece é mais fácil comprar Iphone, porque eu não consegui os ingressos apesar de ter inscrito o Paulo no fã clube do cara. Vão chegar o boné e a camiseta e nós vamos acabar na mão de cambistas).

Comprado o Iphone, pude esperar a entrega em casa de pijama como se fosse natal.

Tenho que admitir que até a geração anterior do Iphone o Galaxy era superior. E que a nova geração do Iphone ficou a cara do Galaxy III. Minha irmã, Ilka, tem um Galaxy da Samsung. Ilka debochou do meu batizando-o de ISung.

Superior ou inferior, não penso em mudar para um Galaxy – ou qualquer outro. Gosto da simplicidade do Iphone. Faz qualquer dumb como eu sentir-se uma TI de informática.

Transferir o conteúdo de um aparelho para o outro é facílimo, você simplesmente faz um backup na nuvem, e depois baixa no novo e está tudo lá sem fios, sem programas acessórios.

Os comandos da Apple são simples; mamãe, que não era informatizada, se adaptou facilmente. Dei a ela de presente um Ipad no qual ela navega, acompanha o facebook das filhas e do neto e recebe as fotos que eu tiro com o IPhone e mando direto para o email dela.

De tão simples, depois de quase 20 anos, voltei a comprar músicas. Imagino que para a indústria fonográfica isso deve ser um alento.

Estou muito feliz com o Iphone 5. Agora ele é mais leve, mais fino. A bateria dura bem mais e carrega mais rápido também – o que alivia minha mania por carregadores.

A Siri. Bem, a Siri. Ela não entende meu inglês. Mas não fico ofendida.

Só pela facilidade de fotografar o Iphone já valeria a pena. Tirar fotos nunca foi algo que me interessasse. Primeiro porque eu nunca me lembrava de levar a câmera, depois porque quando levava esquecia de transferir para o computador. Então era mais um negócio de festa de família e viagem.

Agora para mim a fotografia virou um hobby – tá tudo registrado. Revelei quase mil fotos, montei vários álbuns, mandei para a família, coloquei em porta retratos, colei nas paredes. No Instagram criei a conta do Diário onde posto as fotos que tiro enquanto o Paulo trabalha – @diariodocentrodomundo para quem quiser conferir.

Mas o que realmente me pegou no Iphone foi o Facetime.

É uma função de alguns aparelhos da Apple que permite com que vc fale com uma outra pessoa que também esteja usando um desses aparelhos on line com uma nitidez infinitamente superior ao Skype, e sem aquelas distorções que fazem você ficar com voz de robô.

Não é pouca coisa. Na época em que comprei meu primeiro Iphone tinha um namorado que morava do outro lado do Atlântico e isso foi fundamental no nosso relacionamento. Hoje é minha família que mora do outro lado do Atlântico e eu continuo dependendo do Facetime para matar as saudades.

No Iphone 5 as ligações do Facetime poderão ser feitas não somente em rede WIFI, como também pela telefonia 3G. Isso quer dizer que vai ser possível, por exemplo, ligar do Hyde Park, abrir a câmera e mostrar a paisagem para a pessoa do outro lado da ligação.

Na minha opinião, o segredo da Apple é trazer novidades que aprimoram seus produtos sem mexer na essência. É isso que faz com que pessoas como eu queiram trocar o seu aparelho por um modelo mais novo quase que instantaneamente.

Agora podem me chamar frívola. 1, 2, 3 – já!