‘Virei corintiano em Yokohama’

Atualizado em 29 de dezembro de 2012 às 16:35

Como resistir a torcedores apaixonados, desajeitados, barulhentos — e além do mais feios como nosso colunista?

Yokohama, 2012

Ladies & Gentlemen

De volta à Londres siberiana, depois de testemunhar, no Japão, a campanha vitoriosa do que Boss chama de Almighy Big Team.

O Corinthians ganhou jogando feio como nós, ingleses, e eu já escrevi sobre isso. Para mim, nostálgico eterno da arte brasileira nos gramados nos anos 60, não foi um espetáculo encantador, naturalmente.

Mas fora do campo, nas arquibancadas, me apaixonei definitivamente por aquela crazy gang, aquele bando de loucos, aquela multidão barulhenta, desajeitada, fanática – e de uma feiúra sublime, comovente, enfeitiçadora.

Ladies & Gentlemen: como não virar corintiano em tais circunstâncias?

Me identifiquei imediatamente com aquele oceano inquieto alvinegro. Sou louco e sou feio, como gosta de dizer minha esposa neurastênica e azeda, Chrissie. (E aliás: como o Boss, com todo respeito.)

Voltei a Londres com duas camisas do Corinthians. Uma é para vestir, e a outra é para pendurar na parede de meu escritório, junto com 13 outras do meu City. É a única camisa, ali, que não é do City, e jamais imaginei que isso pudesse ocorrer.

Boss, you got me, mate.

Não sei se o Boss planejou minha conversão ao me despachar para o Japão. Mas era potato que isso ocorreria, ainda que o Almighty perdesse para o time do abominável olicarga russo.

Descobrir a torcida do Corinthians, ladies & gentlemen, foi uma das melhores coisas que me aconteceram em 2012.

Sincerely.

Scott

Tradução: Erika Kazumi Nakamura

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