A “árvore da corrupção” e os chutes de Dallagnol, o garoto propaganda do aniversário da Lava Jato. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 17 de março de 2017 às 11:08
Dallagnol
Dallagnol

 

O procurador Deltan Dallagnol foi escolhido como o rostinho da Lava Jato nas comemorações de seus 3 anos de vida, o garoto propaganda do aniversário da operação.

Deu entrevistas, obviamente sobre Lula, fez política no Facebook, contou no G1 que “a Lava Jato é um ponto fora da curva, que nos dá um gostinho daquilo que nós gostaríamos que fosse um novo parâmetro”.

A Folha publica um manifesto hiperbólico de DD.

O tom auto congratulatório e demagógico de quem se pôs no papel de salvador da pátria — o que fazemos com o jantar de Gilmar Mendes com seus amigos Temer, Serra, Aécio et caterva, todos mandando em tudo? — apela para clichês barra pesada e imprecisões malandras.

“Precisamos arrancar essa árvore da corrupção, sob risco de termos um Brasil mais corrupto após a Lava Jato”, escreve.

Você não precisa ser muito espero para perceber que por trás da metáfora botânica está o homem que Dallagnol colocou no centro de seu vexaminoso powerpoint.

Toda a fantástica ideia de livrar o Brasil da roubalheira cai por terra por obra dos próprios agentes em sua egotrip e imparcialidade, obcecados em pegar Lula — o qual, segundo Dallagnol, será julgado até meados desse ano, como avisou ao jornalista Ricardo Boechat.

Em nome dessa ação de marketing, Dallagnol faz uso de uma numeralha com fervor religioso, chutando biblicamente.

Em sua carta, ele afirma que “o valor que os réus já se comprometeram a devolver soma mais de 10 bilhões de reais, quando a regra na justiça penal brasileira é não recuperar nenhum real”.

Uau. Quem não fica boquiaberto?

É um número mágico. Em 2015, ele garantiu que o esquema de pagamento de propinas na Petrobras e em outras estatais “chega a R$ 10 bilhões.”

A informação foi reproduzida amplamente nas asas de uma imprensa amiga e no fato de que jornalista não sabe fazer conta.

É um modus operandi. Quando do lançamento de suas 10 medidas, Dallagnol cravou que “se desviam no Brasil 200 bilhões de reais”.

A agência Lupa, de checagem de dados, confrontou essa fanfarronice com a realidade.

A assessoria do procurador, que deveria se ocupar de coisas mais importantes do que promovê-lo como Anitta, se enrolou na cascata.

“Primeiro disse que a origem da informação era um estudo feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) em 2013. Por meio também de sua assessoria de imprensa, o Pnud informou, no entanto, que não possui nenhum dado próprio que indique quanto já se desviou no país por causa da corrupção”, relata a Lupa.

“Deltan afirmou que suas fontes são sites na internet, como reportagem publicada no UOL, e ‘uma nota da Associação Nacional dos Procuradores da República, prévia à Lava Jato’. Ele também levantou a hipótese de o dado ter sido dito por alguém ligado à ONU e não ter necessariamente se refletido em documentos da entidade.”

Ou seja, é na raça. A chamada conta de chegada.

O mesmo que acontece com Lula: soma tudo e tem que dar no Barba, a raiz da árvore do mal, a serpente do Éden. O jardineiro é Jesus e as árveres semo nozes.

Quanto está custando em dinheiro público toda essa caçada se contabilizarmos, inclusive, os super salários de todos esses homens santos? Sei lá. Põe aí 200 milhões. Eu vi no Twitter do MBL.