A bofetada americana em Jucá doeu mesmo foi em Temer. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 31 de julho de 2016 às 11:06
Ligação estreita
Ligação estreita

O governo Temer não estava esperando alguma manifestação dos Estados Unidos?

Ela veio, enfim.

Mas não é exatamente para comemorar. O visto de entrada negado pelos americanos a Romero Jucá foi uma bofetada na administração golpista.

As autoridades americanas sabem muito bem os laços que unem Temer a Jucá. Não fossem contundentes as acusações contra Jucá, os Estados Unidos teriam contemporizado no visto em respeito a Temer.

É um caso exemplar.

No Brasil, as denúncias contra Jucá sumiram do radar, convenientemente. A imprensa não trata dela, dentro de seu jornalismo de guerra contra o PT. Os investigadores da Lava Jato estão ocupados demais com a cozinha de um sítio para dar atenção a Jucá.

Mas os americanos não são influenciados pelos donos das empresas jornalísticas brasileiras e nem pelos tiras da PF.

O medo deles é que Jucá use os Estados Unidos como trampolim para escapar da justiça brasileira.

O governo Temer envergonha o Brasil na cena mundial. Isso já ficou suficientemente claro em pouco mais de dois meses.

Os próprios integrantes do governo parecem ter noção disso. Serra, por exemplo. Em circunstâncias normais, um chanceler brasileiro protestaria contra a atitude americana.

Até o momento em que escrevo, na tarde de sábado, Serra guardou silêncio. Isso ajudou a fortalecer a imagem de Serra como aquele típico brasileiro que fala grosso com a Bolívia e fino com os Estados Unidos.

Mas de novo: Temer queria uma manifestação americana, e ela veio. Só que o som da bofetada será ouvido ainda por muitos dias.