A contabilidade do impeachment continua desfavorável aos seus patrocinadores. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 15 de abril de 2016 às 20:38

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Na semana em que o Congresso Nacional mais reacionário da história democrática desse país irá vota na Câmara o mais aviltante processo de impeachment já presenciado em democracias minimamente estabelecidas, os números – na escassez de parlamentares de caráter – contam muito.

Uma vez estabelecido o placar mínimo para que seja marcada a fronteira entre uma nação soberana que entende plenamente o valor da democracia e uma república representada por golpistas onde a única lei é salvar a própria pele, os dados continuam sendo lançados.

Apesar da maciça onda de desinformação e manipulação promovida pela grande mídia brasileira diretamente interessada e diuturnamente dedicada na deposição de uma mandatária democraticamente eleita, a contabilidade do impeachment continua desfavorável aos seus patrocinadores.

As chantagens e ameaças proferidas à luz do dia e sob as barbas do STF pelos líderes do golpe aos deputados que ainda não declararam abertamente o seu voto, definitivamente não são gratuitas.

O desespero de Eduardo Cunha em intimidar o deputado Aliel Machado (Rede-PR) a votar a favor do impeachment mostra que a terra prometida dos corruptos ainda não foi alcançada.

Temer e Cunha, a dupla a governar o país em caso de golpe, continuam à espreita de cada um que possa ajudá-los a levar a cabo os seus planos de chegarem ao poder sem a legitimidade do voto popular.

O fato é que na contrabalança do movimento golpista existem os que não abrem mão da prerrogativa democrática no jogo político. Os partidos que apóiam a democracia fincaram suas bandeiras e não cederão aos apelos da promiscuidade.

As bancadas do PT (58), PDT (20), PC do B (11) e PSOL (6) que declararam resistência integral e incondicional contra o golpe somam, sozinhas, 95 votos.

Os demais deputados que não se renderam às ameaças, ao fisiologismo e ao oportunismo político que tomaram conta da Câmara dos Deputados são mais do que suficientes para suprir os 77 votos faltantes para barrar toda essa insanidade.

Os dissidentes do PMDB, PP, PRB, PSD, PSB, PHS, PROS, PTN, PT do B, PR e Rede podem garantir à nação brasileira a estabilidade jurídica e democrática necessárias para a retomada do crescimento. Além disso, ainda existem os indecisos.

É bem verdade, como já dito anteriormente, que os dados ainda estão sendo jogados. Até domingo muito coisa ainda pode acontecer. As hienas do golpe nunca dormem e sempre atuam na escuridão.

As manobras de Eduardo Cunha para a votação, como iniciar a chamada pelos deputados da região Sul e Sudeste mais favoráveis ao impeachment, podem, de fato, gerar um efeito manada e alterar todas as previsões.

A mobilização popular pela democracia que cresceu vertiginosamente nas últimas semanas será decisiva para que esses deputados mantenham suas posições. Mais do que nunca essa nação precisa dos sóbrios de razão para combaterem o ódio, a ganância e a intolerância que se alastraram na sociedade.

Afinal de contas, somente o ódio, a ganância e a intolerância podem explicar Michel Temer e Eduardo Cunha unidos como alternativa para qualquer coisa que se julgue legal, legítima, moral e ética.

Essa é a proposta a que estão nos submetendo. Misericórdia.