A CPI da máfia da merenda foi aprovada, mas não é a mesma. Por Mauro Donato

Atualizado em 10 de maio de 2016 às 22:51

alesp

 

Engana-se quem esteja afirmando que a CPI para apurar as denúncias de superfaturamento e pagamento de propina em contratos de fornecimento de merenda escolar, a famigerada “máfia da merenda”, foi aprovada. Foi, mas é outra.

Um novo texto, diferente do proposto inicialmente pelo PT, foi apresentado hoje leva o carimbo do PSDB e base aliada. Rapidamente obteve 60 assinaturas, bem mais que as 32 necessárias. O texto original estava encalhado há meses e não ultrapassava a marca de 25 asinaturas.

Segundo o presidente da Alesp, Fernando Capez, o texto é mais abrangente. Irá investigar também denúncias de desvio de verbas em prefeituras. Alguns dos municípios são de administração do PT. Resumindo, Capez, Alckmin, o Moita e companhia limitada ganham companhia e saem do foco.

Ainda assim, a instalação de uma CPI para o tema é bem vinda por praticamente todas as partes interessadas. O advogado Guilherme Coelho, do Minha Sampa, estava na Alesp para entregar um abaixo-assinado com 20 mil assinaturas requerendo a CPI.

“A força das ocupações pressionou os deputados, é uma vitória dos estudantes. Mas a gente tem que ficar agora atento para que realmente seja uma investigação séria e que traga novidades”, declarou Guilherme Coelho.

A bancada do PT afirma que irá assinar.

“A ocupação da Assembleia e a pressão da sociedade deram resultado. Mesmo sendo proposta pelos aliados de Alckmin e apresentando um objeto limitando o alcance, vamos poder investigar detalhadamente o esquema de desvio de recursos”, afirmou o deputado João Paulo Rillo (PT), um dos mais atuantes durante a ocupações.

Apesar do otimismo de Rillo, a CPI já está sendo chamada de CPI chapa-branca por muitos parlamentares. O líder do governo na Alesp, Carlão Pignatari, rebateu:

“Essa agora é da casa, não é só de um partido. Vamos investigar o repasse para todos os municípios. O anterior era para investigar só a Secretaria de Educação, entre 2013 e 2015. A Operação Alba Branca mencionou 22 municípios e nada foi feito. Temos que ver todos os contratos e ver se há agentes públicos envolvidos. Será algo muito maior agora e andará mais rápido.”

Há um outro fator importante a ser considerado. A Assembléia não pode ter mais do que cinco CPIs em andamento simultaneamente e já possui esse total. A nova CPI da merenda seria a sexta.

Será que agora vai? Mas vai pegar quem?