A era Blatter na Fifa é marcada por escândalos

Atualizado em 27 de maio de 2015 às 10:29
Blatter e Marin
Blatter e Marin

Publicado na DW.

 

A Fifa já passou por uma série de escândalos. Agora, dois dias antes de seu congresso anual, a prisão de sete altos dirigentes da entidade causa mais um embaraço. Mesmo que o presidente Joseph Blatter não esteja diretamente envolvido, ele já esteve no centro de várias controvérsias que mancharam a imagem da entidade máxima do futebol.

Em 1997, Blatter esteve envolvido num escândalo, mesmo antes de assumir o cargo que ocupa hoje. Os pivôs do caso foram seu antecessor, João Havelange, e o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira. Ambos teriam recebido milhões em subornos por contratos de marketing para a Copa do Mundo. Blatter foi inocentado de todas as suspeitas, embora ele, como secretário-geral, tenha transferido pessoalmente um pagamento a Havelange de 1,5 milhão de francos suíços.

Em 1998, o então secretário-geral Joseph Blatter ganhou a eleição à presidência da Fifa, derrotando o então presidente da Uefa, Lennart Johansson, pouco antes do início da Copa do Mundo da França. Até hoje, há acusações sobre supostos pagamentos de 50 mil dólares, cada, a delegados africanos, realizados em um quarto de hotel em Paris. Blatter nega a acusação.

Em 2006, o então vice-presidente da Fifa, Jack Warner, assumiu a comercialização dos cobiçados ingressos para a Copa da Alemanha em seu país de origem, Trinidad e Tobago. Sua empresa teria recebido 900 mil dólares de comissão. No entanto, as investigações da Fifa não conseguiram encontrar indícios contra Warner, somente contra o filho dele.

Em 2010, Rússia a Qatar foram definidos como sedes das Copas de 2018 e 2022. Já antes da escolha, dois membros executivos da Fifa foram suspensos por causa de corrupção comprovada. Acusações contra os futuros países-sede do Mundial foram investigadas pela Fifa, mas sem resultados definitivos. Suspeitas ainda pairam sobre o então processo de escolha, atualmente investigado também por promotores suíços.

Em 2011, Mohamed bin Hammam, do Qatar, se candidatou para enfrentar Blatter na eleição para presidente. Pouco antes da votação, foram reveladas suspeitas contra o funcionário vindas do Caribe. Os 35 votos da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf) são considerados cruciais. Enquanto Blatter prometeu às confederações um milhão de dólares como auxílio oficial da Fifa, Hammam tentou extraoficialmente oferecer 40 mil dólares a cada organização. Ele foi descoberto, após denúncias de outros funcionários, posteriormente condenados por participar de esquema de corrupção.

Em 2014, houve notícias de suspeitas de venda ilegal de bilhetes da Copa do Mundo no Brasil pelo dirigente argentino Julio Grondona, morto no ano passado.

Os sete cartolas envolvidos:

José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Até o início de 2012, José Maria Marin era um desconhecido do futebol brasileiro. Mas bastou embolsar uma medalha durante a premiação da Copa São Paulo de Futebol Júnior para ficar relativamente famoso. Dois meses depois, em março, ele assumiu a presidência da CBF, entidade que comandou até o fim do ano passado. Nos anos 50, foi jogador do São Paulo. Na década de 60, entrou para a política. Foi vereador e deputado estadual por São Paulo, além de vice e governador do Estado entre o final dos anos 70 e início dos 80.

Eugenio Figueredo, vice-presidente e membro do comitê executivo da Fifa. Ex-lateral-direito do pequeno Huracán Buceo, de Montevidéu, Eugenio Figueredo presidiu o clube nos anos 70 e, entre 1997 e 2006, assumiu o comando da Associação Uruguaia de Futebol (AUF). Foi presidente da Conmebol entre 2013 e 2014, depois de atuar como vice entre 1993 e 2013.

Jeffrey Webb, vice-presidente da Fifa e presidente da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf). Aos 50 anos, o cartola tem mais de duas décadas de atuação no futebol americano, principalmente na América do Norte e no Caribe. Natural das Ilhas Cayman, ele foi eleito presidente da associação do país em 1991. Em 2012, assumiu a Concacaf.

Eduardo Li, presidente da Federação Costarriquenha de Futebol (Fedefutebol). Li assumiria esta semana seu cargo no comitê executivo da Fifa. É membro do comitê executivo da Concacaf.

Julio Rocha. Presidiu a Federação Nicaraguense de Futebol por 26 anos. Renunciou ao cargo no final de 2012.

Rafael Esquivel. Natural de Tenerife, na Espanha, Esquivel tem 68 anos e comanda a Federação Venezuelana de Futebol desde 1988.

Costas Takkas. Trabalha na Concacaf e foi secretário-geral da Associação de Futebol das Ilhas Cayman.

Além deles, foram indiciados:

Nicolás Leoz, ex-presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). O dirigente paraguaio de 86 anos presidiu a Conmebol entre 1986 e 2013 — mesmo ano em que renunciou ao cargo que ocupava no Comitê Executivo da Fifa, igualmente alegando motivos de saúde. Entre os anos 40 e 50, foi jornalista esportivo. Depois, estudou direito e foi professor até começar a atuar como dirigente de futebol, na década de 70.

Jack Warner. Natural de Rio Claro, em Trinidad e Tobago, Warner atuou como político, empresário e professor. Presidiu a Concacaf entre 1990 e 2011, quando foi suspenso e renunciou ao cargo.