A ética de Temer resumida na resposta sobre seu juiz e amigo Gilmar: “E daí? A gente não pode conversar?” Por Kiko Nogueira

Atualizado em 8 de abril de 2017 às 10:49
É noix
É noix

 

Michel Temer deu uma entrevista anódina à Folha, falando sobre o que se pode chamar de sua obra.

“Cedemos até onde podemos”, conta, sobre a reforma da Previdência. “O ponto fundamental da reforma é a questão da idade. Se fixarmos uma idade mínima, porque hoje as pessoas se aposentam com 50 ou 49 anos, já damos um passo avançadíssimo.”

O melhor é quando fala de sua relação promíscua com Gilmar Mendes, o companheiro que (não) está julgando sua cassação no TSE.

Foram ao menos oito as ocasiões em que eles se encontraram sem registros em suas agendas oficiais desde maio último.

O Código de Processo Civil prevê que juízes não podem julgar “amigo íntimo” nem “aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa”, lembrou a BBC Brasil numa boa matéria.

Nessas situações, é preciso se declarar suspeito.

Ao menos quatro desses convescotes ocorreram no Palácio do Jaburu, onde Temer permaneceu depois que ficou com medo dos fantasmas no Planalto. O quinto não se sabe direito onde foi.

Dois foram confraternizações com outras autoridades na casa de Gilmar, outro foi um jantar na casa de um ministro do STJ. Houve também a carona que Gilmar pegou com Temer para Portugal. Enfim.

Temer declara não ver “nenhum” conflito de interesse nisso. “Conheço bem o Gilmar, até”, admite.

E resume a coisa: “E daí? A gente não pode conversar?”

Esse é Michel, esse é Gilmar, esse é o Brasil. Azar o seu.