A ética dos traidores: Temer sabe que seus assessores batem em Marta e não fará nada a respeito. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 29 de setembro de 2016 às 17:01
Brad e Angelina brigam pela guarda dos filhos
Brad e Angelina brigam pela guarda dos filhos

 

Marta Suplicy está tendo uma morte política horrível, porém didática. Gente de Temer a ataca nas redes sociais sem dó nem piedade.

A campanha dela responsabilizou a “agenda maldita” do governo federal pela queda nas pesquisas. “Todo dia manchete ruim”, disse alguém à imprensa.

O contragolpe (ops), conta Mônica Bergamo, veio através de gente como Arlon Viana, tesoureiro do PMDB de São Paulo e, segundo o site, membro da Executiva Nacional, Estadual e Municipal, parte da comissão de ética e disciplina partidária do diretório nacional e assessor do gabinete de Temer.

No dia 17, ele escreveu no Twitter: “Lamento q a Cand. Marta tenha entrado nesse papo furado d 12 hs d trab. O governo fd por vezes disse NÃO MEXER NOS DIRETOS DO TRABALHADOR.”

No dia seguinte: “Repercute muito ruim nas hostes do PMDB da Capital as críticas q Marta Suplicy faz ao governo federal. O GOVERNO NÃO VAI MEXER NA CLT.”

(Eu lamento pelo português desgraçado desse cidadão, mas quis manter a grafia original para mostrar o baixo nível da coisa)

Ingenuidade achar que isso é feito à revelia do chefe. Um sujeito que se dá ao trabalho de telefonar para apresentador de TV para pedir desculpas sabe em que seu estafeta direto está metido.

São abutres que sentem o gosto de sangue. Se o animal estivesse forte, jamais teriam a ousadia, até porque todo mundo se daria bem. Como está perdendo sangue, partem para cima.

Num prazo curto, Marta está experimentando o gosto da traição e do desprezo de quem fingiu que a abrigou por ser um quadro importante ou algo do gênero. Marta acabou confirmando a vocação do PMDB de não ganhar eleição no voto.

É desprezada pelos novos aliados e pelos velhos que abandonou. Tentou esconder Temer inutilmente. Quando até o filho a chama de golpista, é porque a situação foi para o buraco.

Sua única saída, ironicamente, é fazer com Michel e seu PMDB o que ela sabe: trair.

Sair dessa roubada em grande estilo, gritando que foi abduzida por Eduardo Cunha, que se não virasse peemedebista Eduardo Suplicy ia cantar um rap dos Racionais, que Michel Temer ofereceu-lhe casa, comida, roupa lavada e aplicações gratuitas de botox, que Dilma ameaçou dar-lhe o fim que deu a seus 35 labradores se ela não saísse do PT etc.

Ninguém vai acreditar, mas isso não será novidade para Marta. Pelo menos ela ganha mais uns minutos de fama antes de mergulhar definitivamente na obscuridade.