A incrível semelhança entre Temer e o Ed Mort de Veríssimo. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 27 de outubro de 2016 às 18:28

 

 

Te
Te

Verissimo tem um personagem chamado Mort. Ed Mort. É um detetive particular extremamente atrapalhado.

Mort trabalha num cubículo no Rio tão pequeno que decide tratá-lo como cubi. Cubículo é uma palavra grande demais para o tamanho do aposento.

Me veio à cabeça Temer. Michel Temer. Temer é hoje uma figura tão diminuta que poderíamos chamar de Te. Pre Te. Presidente Temer.

Pensei em várias coisas relativas a isso. Por exemplo: que aconteceria se seus seguidores convocassem uma manifestação pró-Te?

Quantas pessoas compareceriam?

Nem ele. Porque Te não vai a lugares públicos. Ele se esgueira e se esconde, com pavor das vaias.

Me pergunto, também, se os garçons do Planalto ainda lhe servem o tradicional café.

Não há nada mais melancólico do que final de governo. O alarido festivo dos primeiros dias é substituído pelo silêncio mórbido da era que se encerra.

Pior ainda é quando você pula uma casa. Mal começa e já vive o clima dos últimos tempos, como Te.

Certas pessoas públicas despertam admiração e paixão à primeira vista. Com Te se deu o oposto. Os brasileiros não conheciam Te. Ficara nas sombras da paixa política a carreira toda. Quando o conheceram, imediatamente o desprezaram.

Uma nova pesquisa Ipsos mostrou, hoje, que apenas 9% dos ouvidos o acham ótimo ou bom.

É uma irrelevância estatística, mas se você observar Te vai ver que 9% francamente é demais.

No noticiário político, ele rapidamente passou a figurante, ainda que no Planalto. As pessoas falam em Carmen Lúcia, em Renam, em Eduardo Cunha, mas não nele.

É como aquele convidado numa festa que ninguém quer ouvir, mesmo sendo pretensamente o dono. Num determinado momento o descaso é tão grande que ninguém sequer finge interesse no homem deixado num canto.

Parece evidente, a alta altura, que ele não chegará ao final da festa. 2018 é longe demais para alguém com as características de Te.

Quem ocupará seu lugar até lá?

É uma questão tão complexa que até o nome de FHC foi ventilado.

Uma coisa é certa: o substituto não pode ser tão insignicante que tenha o mesmo destino do cubículo de Mort. Ed Mort.