A inépcia sorridente de Mariana Godoy na entrevista com Mírian Dutra. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 10 de abril de 2016 às 21:59

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A entrevista com Mírian Dutra mostrou o seguinte: Mariana Godoy tem que se esforçar muito para se tornar uma boa entrevistadora.

Não basta rir o tempo todo. Melhor: você não pode rir o tempo todo. Toda entrevista que se preze deve ter uma dose de tensão e de atrito. Ou se transforma numa conversa de comadres, ou compadres, ao estilo da Caras.

Como está hoje, Mariana Godoy é uma versão feminina de Roberto Dávila, o Risadinha. É muito pouco.

Pesquise as grandes entrevistas da história e você vai encontrar, sempre, momentos de antagonismo e confronto. Isso é jornalismo.

Uma das maiores referências em entrevistas foi a Playboy americana. Numa entrevista clássica da revista, com o então emergente Robert de Niro, o autor contou que a certa altura o entrevistado pegou o gravador e espatifou na parede.

A passividade simpática e sorridente não leva a nada no jornalismo.

Foi assim que Mariana se comportou diante de Mírian Dutra. Em consequência disso, ela não soube se defender – e muito menos ao espectador – das inumeráveis mentiras que a ex de FHC contou sem nenhuma cerimônia.

Mírian disse, por exemplo, que não conversou com site nenhum. Ora, ele teve longas conversas – documentadas – com Joaquim Carvalho, do DCM, tanto pelo telefone como pessoalmente, na Espanha.

Nos contatos com Joaquim, Mírian fez uma série de denúncias contra FHC e a Globo. Negou tudo ao falar com Mariana Godoy, provavelmente por negociações com ambos, Globo e FHC.

Mariana teve várias oportunidades de expor as inconsistências de Mírian. Na retaguarda do programa, um jornalista assessora Mariana recolhendo perguntas que chegavam pelo Twitter.

Leitores nossos estranharam quando Mírian negou ter falado conosco. Comunicaram sua estranheza, pelo Twitter, ao programa.

Nós mesmos enviamos um vídeo em que Joaquim conversa com Mírian na Espanha.

Nossos leitores e nós fomos ignorados. Mírian Dutra pôde, calmamente, continuar a mentir.

Mariana Godoy tem que aprender que quem perde com esse tipo de coisa é o espectador – e ela mesma, em sua imagem como jornalista.

As duas, entrevistada e entrevistadora, terminaram o programa dando beijinhos. Mírian recebeu até uma lembrança – tolíssima, aliás. Mariana lhe passou uma borboleta, símbolo da transformação, ou algo que o valha.

Que transformação?

Para quem, como nós do DCM, conhece a história de Mírian, ficou clara a farsa que ela montou no programa.

FHC, por tudo que se sabe, foi um péssimo namorado para Mírian. O clássico canalha.

Mas Mírian, pelo que demonstrou na entrevista para Mariana Godoy, não ficou atrás.

Formaram um dos piores casais da história da República. Mereceram um ao outro.

Quanto a Mariana Godoy, ela perdeu uma grande chance de jogar luzes sobre um episódio de imenso interesse público – o romance entre Mírian e FHC.

Para avançar como entrevistadora, ela vai ter que aprender a rir menos e apertar mais o entrevistado.