A Lojas Marisa vai fazer marketing de oportunidade com o dinheiro que passou a doleira da Lava Jato? Por Donato

Atualizado em 13 de maio de 2017 às 8:44

Para fazer gracinha, a rede de varejo Lojas Marisa soltou um anúncio para o Dia das Mães com o título ‘Se sua mãe ficar sem presente, a culpa não é da Marisa’.

A ‘tirada espirituosa’ faz alusão ao depoimento de Lula a Sergio Moro ocorrido na quarta-feira (aquele depoimento em que o juiz mostrou até documento sem assinatura de ninguém como prova).

Para criar ou aprovar tal campanha desrespeitosa, a equipe de marketing da rede concluiu que todo seu público-alvo é formado por antipetistas tolinhos que compram as edições do jornal Nacional como verdade para formar opinião?

Ou que a opinião de seus clientes é tão rasa quantos os memes que surgem após esses episódios?

Ou será que foi para veicular e fazer bonito na Veja desta semana que traz na capa um porta-retrato de Marisa Letícia com o mesmo mote? Aliás, em que momento Lula ‘jogou a culpa’ na falecida esposa?

Se a equipe criativa da agência de propaganda e o departamento de marketing da empresa acreditavam ter sido geniais, tiveram como retorno a citação do caso entre os dez assuntos mais comentados no Twitter durante todo o dia de ontem e madrugada de hoje. Negativamente falando, inclusive com propostas de boicote.

Já que a Marisa – a loja – classifica sua clientela como unanimemente pertencedora à parcela que foi à Curitiba para pedir e esperar a prisão de Lula, deve dar-se por satisfeita por ter seus atos ignorados pelo público. E eles não são nada limpinhos.

Alguns anos atrás, a rede foi multada pelo Ministério do Trabalho por utilizar-se de trabalho escravo de bolivianos e pelo menos um peruano. Os 43 autos de infração (43!!) entregues pelos fiscais do Grupo de Combate à Fraude e à Terceirização Irregular totalizaram em R$ 633,67 mil.

Quando se escraviza alguém, um dos tributos que deixam de ser pagos é o FGTS. Do total da autuação, R$ 394,03 mil referiam-se a essa sonegação. A Lojas Marisa vai fazer alguma piadinha com isso também?

“É o primeiro caso comprovado de trabalho análogo à escravidão que ocorre em um ambiente urbano. A Marisa tinha conhecimento desse problema e já vinha sendo alertada”, disse à época Renato Bignami, chefe da Seção de Fiscalização do Trabalho Substituto esclarecendo que há três anos a loja estava sendo investigada.

Depois disso, a empresa fez uma defesa tão aviltante que foi suspensa do Pacto Nacional pela Erradicação de Trabalho Escravo.

Como a rede varejista considera seus clientes fãs incondicionais da Lava Jato, talvez a empresa também não deseje espalhar por aí que é suspeita de lavagem de dinheiro por ter repassado cerca de R$ 3,2 milhões para uma empresa de fachada da doleira Nelma Kodama (aquela que disse que tem alergia à tornozeleira eletrônica).

Nelma era parceira/namorada de Alberto Yousseff e foi condenada a 18 anos de prisão.

Dia das Mães é fundamental para anúncios de oportunidade, o que para muitos é confundido com a chance de ser oportunista.

Pela reação negativa à rasteira campanha, os marqueteiros da rede varejista deveriam estar mais envergonhados do que marqueteiros envolvidos em caixa dois.

Por que dona Marisa foi explorada dessa maneira por uma empresa que tem como slogan ‘De mulher pra mulher?’

Nelma Kodama