A mulher que se tornou o primeiro símbolo da luta contra o “pornô-revanche”

Atualizado em 17 de outubro de 2014 às 17:47
Annmarie Chiarini
Annmarie Chiarini

 

Quatro casos de “pornô-revanche” ficaram famosos no Brasil nos últimos meses. Três garotas que dividiram fotos íntimas com namorados e, depois, viram que elas foram compartilhadas, por vingança, em redes sociais.

A primeira foi Fran Santos, de Goiânia. A segunda foi Julia Rebeca, que terminou cometendo suicídio. A terceira, Thamiris Sato, pensou em se matar, mas preferiu denunciar o criminoso. O episódio mais recente envolve Giana Laura Fabi, que se enforcou com um cordão de seda em sua casa.

É algo cada vez mais comum no mundo inteiro e que está provocando discussões acaloradas. Em dois estados americanos — Califórnia e Nova Jersey –, o “revende porn” virou crime, com legislação específica. Outros estados analisam a matéria. No Brasil, Romário apresentou um projeto de lei para criminalizar essa prática.

E nos EUA apareceu agora uma professora que se tornou o novo símbolo contra o pornô-revanche. Em 2011, Annmarie Chiarini posou nua para o homem com quem estava se relacionando. Segundo Annmarie, ele prometeu que arquivaria as imagens num CD e as esconderia em uma gaveta. Após uma crise de ciúme dele, os dois romperam. “Eu vou destruir você”, foram suas últimas palavras.

Um dia, ela encontrou as fotos sendo leiloadas no eBay. Cópias foram enviadas para a escola de seu filho e para o diretor da escola onde dava aulas de inglês. Terminaram num site pornográfico com o título: “A fim de uma professora? Bem, venha pegá-la”. Ela ligou para a polícia e diz que ouviu de volta um “E daí?”

Chiarini afirma que pensou em se matar, mas preferiu procurar justiça. O eBay concordou em retirar as fotografias. Seu chefe não a demitiu. Montou uma frente de 50 mulheres, de advogadas a especialistas em Internet, para exigir providências das autoridades e acolher vítimas. Virou coordenadora do site ativista End Porn Revenge. Montou ela mesma um blog para receber denúncias e encaminha-las. Vai a uma audiência no Senado dar seu testemunho.

“Como eu não tenho paz desde aquele dia, abracei o papel de ser a voz de quem ainda não descobriu a sua voz. E eu vou falar”, diz ela.

No perfil de Giana Laura Fabi no Facebook, alguém escreveu que ela teve um destino merecido ao mandar as fotografias para o namorado. Uma professora de direito da Universidade de Miami, Mary Anne Franks, que está trabalhando como consultora legislativa no site de Chiarini, faz um bom paralelo: “Se você der seu cartão de crédito a um garçom, você não está lhe dando permissão para comprar um iate”.