A musa do impeachment e o muso FHC rasgaram a fantasia na avenida. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 7 de fevereiro de 2016 às 11:01
Ju Isen, a musa do impeachment, é expulsa de desfile
Ju Isen, a musa do impeachment, é expulsa de desfile

 

A musa e o muso do impeachment se cruzaram na avenida. Ju Isen, a modelo e atriz que ficou famosa na Paulista ao tirar a roupa em nome do golpe, foi expulsa do desfile da escola Unidos do Peruche, em São Paulo.

Ela resolveu se livrar o macacão cor da pele no meio do Sambódromo, ficando com os seios à mostra. O macacão foi providenciado porque sua ideia original era sair com um tapa sexo com a cara de Dilma Rousseff.

Num determinado momento, Ju rasgou sua capa protetora. Acabou expulsa pelo presidente da Liga das Escolas de Samba, Paulo Sergio Ferreira. Segundo ele, a convidada “não poderia ter desfilado nua. Assinou contrato com determinados termos a serem seguidos.”

Ju Isen aproveitou para politizar a cena. Ela ficou pelada por um motivo ulterior e nobilíssimo. “A minha fantasia é a repúdia que todos nós brasileiros temos pela presidente da República, por toda a corrupção, falta de segurança, falta de escola, falta de hospitais. Eu vim realmente para manifestar”.

É a mesma tática de Eduardo Cunha, Aécio e tantos outros, flagrados nus com a mão no bolso eventualmente cheio de dólares, esperneando sobre a falta de justiça no país, a perseguição de que são vítimas, o governo ladrão.

Ju Isen explicitou suas intenções, de qualquer maneira. Já o muso do impeachment, Fernando Henrique Cardoso, manteve inutilmente o macacão de democrata num artigo no domingo de Carnaval chamado “O Certo e o Errado”, publicado no Estadão, O Globo e outros de sua rede de comunicações.

“O castelo de areia das grandezas do lulopetismo está desabando ao sopro da crise econômica e da Lava Jato, como tantas vezes escrevi”, começa.

Em seguida, tecendo considerações sobre a política econômica, direita, esquerda e o descalabro petista, chega à conclusão: “Há forças capazes de corrigir os desatinos cometidos. Para isso é preciso que lideranças não comprometidas com o lulopetismo, apoiadas pelos grupos sociais que nunca se deixaram ou não se deixam mais seduzir por seu falso encanto, assumam a sua responsabilidade histórica, dentro da Constituição, para fazer o certo em benefício do povo e do País.”

FHC está falando em impeachment. Passada a folia de momo, é hora de retomar essa agenda. Só faltou coragem para dizer a palavra.

Debaixo do terno, Fernando Henrique está vestindo um tapa sexo igual ao de Ju Isen, com a imagem do “Fora Dilma”. Ambos quebrando as regras em nome do que é “certo”. A diferença é que a mulher, mais corajosa, tirou tudo enquanto ele mostrou só um pouquinho.