A ovada dos baianos em Doria mostra o quanto ele é odiado fora de seu ninho em SP. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 8 de agosto de 2017 às 9:35

Se o prefeito de São Paulo soubesse ler os sinais da democracia e fosse menos arrogante, veria um caráter pedagógico nas ovadas que levou em Salvador.

Uma obviedade: sua marquetolagem não viaja bem para fora da capital paulista.

Mas João Doria, em campanha aberta, obcecado em ser presidente e não em prefeitar, não tem jeito.

Na noite da segunda (7), em Salvador, ele foi receber o título de cidadão soteropolitano, uma picaretagem inventada por seu clone baiano ACM Neto (o que Doria fez para merecer essa comenda?).

Quando eles se encaminhavam para a Câmara de Vereadores, localizada no centro histórico da capital, veio o ataque.

Os seguranças, que sabiam que ia dar problema, estavam armados com guarda chuvas, mas de nada adiantou.

Um ovo explodiu no cocoruto gomalinado do tucano, numa cena que o acompanhará para todo o sempre.

Doria respondeu com uma versão vagabunda do atentado da bolinha de papel de Serra.

Mais uma vez, culpou seus espantalhos favoritos. Declarou que foi um ato de “intolerância do PT e dos partidos de esquerda”.

“Não é esse o caminho que desejamos para o Brasil. Esse é o caminho do Lula, o caminho do PT, das esquerdas que querem isso. A intransigência, a agressividade e a tentativa de amedrontar. A mim não intimida”, disse, em mais um de seus vídeos.

“Vão lá defender o Maduro e jogar ovo lá na Venezuela”, acrescentou, responsabilizando indiretamente o governador petista Rui Costa: “Nós sabemos a serviço de quem eles estão”.

Não, Doria.

Foi uma entidade que costuma aparecer no Brasil em certos momentos.

A mesma entidade — chamada por Raymundo Faoro de “ficção” — que enxovalhou à base de gemas e claras os convidados do casamento de Maria Victoria, a filha do ministro Ricardo Barros, em Curitiba: o povo.

Uma das cabeças mais brilhantes de sua geração