A pauta conservadora está sendo inflada artificialmente como um pixuleco pela mídia e pelas redes sociais?
Um novo estudo publicado por Ricardo Mendonça no Valor sugere que sim.
O instituto Ideia Big Data fez uma pesquisa sobre temas de comportamento e econômicos.
O resultado vai na contramão do atual debate político — e da “plataforma”, se é que se pode chamá-la assim, de Jair Bolsonaro em sua versão “liberal” aceita pelo “mercado”.
O brasileiro, diz o artigo, apoia a atuação do estado “para garantir igualdade de oportunidades, proteção aos mais pobres, aposentadoria aos mais velhos e crescimento econômico do país”.
Segue:
São majoritários também o apoio a cotas raciais em universidades públicas e a defesa de direitos de homossexuais. A formulação segundo a qual os direitos humanos “devem valer para todos, incluindo bandidos”, supera com folga o entendimento de que deveria ser algo seletivo. E uma ampla maioria manifesta rejeição à ideia de punição criminal às mulheres que fazem aborto.
Já a bandeira da redução dos impostos, muito cara ao pensamento conservador e muito defendida por políticos de direita e entidades empresariais, não é vista como prioridade.
O único tema testado em que teses normalmente associadas ao conservadorismo ganham mais destaque é o da segurança pública. Por pequena margem, a ideia segundo a qual o país precisa de mais presídios tem mais concordância do que oposição. A defesa da pena de morte empata com a rejeição à adoção dessa medida radical.
Embora a maioria dos entrevistados manifeste preferência por um modelo de penas alternativas em detrimento do aprisionamento como única maneira de punição, 44,8% dos brasileiros concordam com a frase “bandido bom é bandido morto”. O grupo que compartilha esse entendimento vence com folga o dos que discordam da frase (31,4%). Outros 22,2% nem concordam nem discordam.
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Três entre quatro pesquisados concordaram com a frase “Reduzir imposto é importante, mas não urgente”. Apenas 15,5% discordaram. Outros 8,3% nem concordaram nem discordaram.
As respostas à pergunta sobre direitos humanos também surpreenderam a pesquisadora. Para 62,4%, os direitos humanos devem valer para todos, incluindo bandidos. A ideia segundo a qual “não devem valer para bandidos” teve adesão de 33,8%.
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Há um aumento notável no apoio às políticas de cotas raciais em universidades públicas. Conforme a pesquisa recém-concluída, 57,2% são favoráveis a esse tipo de medida, 39,2% são contra. “Dez anos atrás, só um terço da população defendia cotas desse tipo. Houve uma rápida inversão nesse tema”, diz.
O segundo é o apoio majoritário às políticas que representam direitos para homossexuais. É um padrão que ficou claro em mais de uma questão. O entendimento segundo o qual pessoas do mesmo sexo têm direito de se casar recebeu adesão de 65,5% dos brasileiros.
A opção oposta, de negação dessa possibilidade, foi apontada por 29,7%. Tendência parecida foi observada numa pergunta sobre adoção de crianças por parte de casais formados por pessoas do mesmo sexo. Conforme a pesquisa, 62,4% reconheceram esse direito. Os contrários somaram 34,6%.