A pergunta que o Ocidente não se faz depois de tragédias como a de Nice. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 15 de julho de 2016 às 13:38
O horror, o horror
O horror, o horror

Primeiro, e acima de tudo, um pesar absoluto, incondicional pelas vítimas do atentado de ontem em Nice.

Palavras não expressam o horror representado pelo terrorismo. Vidas inocentes são destruídas estupidamente.

Tudo isto posto, e repetido, é incrível como o Ocidente foge da pergunta essencial quando ocorrem ações terroristas vinculadas ao extremismo islâmico.

(Relatos iniciais sobre o motorista de caminhão de Nice parecem dissociá-lo do fundamentalismo religioso e ligá-lo mais a um caso patológico de um homem desajustado, infeliz e pouco religioso.)

A pergunta é esta: o que leva jovens muçulmanos à radicalização extrema?

Mas todos fogem dela, porque a resposta coloca na parede as forças militares ocidentais.

O que o Ocidente liderado pelos Estados Unidos vem fazendo há muitos anos no Oriente Médio é monstruoso. É uma ação de extermínio motivada pelo petróleo e disfarçada com razões pseudocivilizatórias.

Horrores como o de Nice fazem parte do cotidiano dos países muçulmanos. Crianças, velhos, civis são alcançados regularmente pelas bombas ocidentais, disparadas por drones, os aviões sem tripulação.

A França se tornou alvo do terror do Islã porque se alinhou com os Estados Unidos na agressão aos países muçulmanos. Isso aconteceu na gestão do presidente Sarkozy e continuou depois com Hollande.

A França tinha uma atitude diferente. Não aderiu à Guerra do Iraque, por exemplo, ao contrário do Reino Unido sob Tony Blair.

A predação ocidental é uma fábrica de terroristas.

Ou você acha que jovens muçulmanos se enrolam numa bomba para matar e morrer porque acham isso divertido?

Enquanto o Ocidente não enfrentar a questão central sobre o terror islâmico, continuaremos a ver tragédias — e declarações previsíveis e vazias de líderes de países como Estados Unidos, França e Inglaterra.