A pesquisa com aumento da desaprovação a Moro mostra o que ele não quer ver: cansou. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 27 de agosto de 2017 às 11:21
Zucolotto, padrinho de casamento de Moro, no show do Skank

 

Sergio Moro tem um problema e ele se chama Sergio Moro. Ao contrário do que ele mesmo acredita, insuflado pela Globo e por milícias de extrema direita, não é infalível, onipotente e onisciente.

A nova pesquisa Ipsos traz um dado importante. Sua taxa de desaprovação subiu nove pontos percentuais no último mês, de 28% para 37% – o marco mais alto na série histórica do instituto, que teve início em agosto de 2015.

O desempenho é aprovado por 55%, o que também não é nenhuma Brastemp.

O Brasil cansou de Sergio Moro e a tendência é isso aparecer cada vez mais. O sucesso da caravana de Lula e sua ascensão nas pesquisas são um atestado de que a perseguição não deu o resultado esperado. O jeito vai ser um tapetão.

Ninguém suporta por tanto tempo uma operação judicial que escolheu um culpado e há anos se dedica a tentar confirmar uma tese, sem trazer provas.

As inúmeras irregularidades têm sido denunciadas aqui mesmo no DCM. Seus homens já estão se coçando em busca de um plano B. Deltan Dallagnol admitiu que foi sondado por partidos e não descarta uma candidatura.

Carlos Fernando dos Santos Lima deve ir pelo mesmo caminho. No momento é comentarista de Facebook, afrontando diretamente o STF.

Moro já deu algumas demonstrações de como lida mal com o contraditório. Nas audiências, não foram poucas as cenas de destempero autoritário contra a equipe de defesa de Lula.

Sua resposta à Folha de S.Paulo com relação à acusação do ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran, atualmente na Espanha, ao advogado trabalhista Carlos Zucolotto Junior, amigo e padrinho de casamento, é tão reveladora quanto a que deu ao físico Rogério Cézar de Cerqueira Leite, que o chamou de Savonarola.

Zucolotto teria pedido R$ 5 milhões para “melhorar” a condenação de Duran e a multa de R$ 15 milhões. “Ao se prontificar a me ajudar”, afirma Duran, “Zucolotto explicou que a condição era não aparecer na linha de frente. Revelou ter bons contatos na força-tarefa e poderia trabalhar nos bastidores”.

Numa nota oficial exasperada em que garante que o chegado Zucolotto é “sério e competente”, o juiz lamenta “o crédito dado pela jornalista ao relato falso de um acusado foragido”.

Ora, as demais delações que incriminam os de sempre são de quem? Príncipes justos e magnânimos?

Moro é Gilmar amanhã. Duas figuras que saíram das sombras para os holofotes e que cada vez menos gente suporta assistir.