A PM prendeu e bateu no ato de secundaristas e professores em SP — e o próximo vai ser maior. Por Donato

Atualizado em 19 de maio de 2016 às 0:09

Captura de Tela 2016-05-19 às 00.00.04

 

A manifestação que reuniria secundaristas, professores, movimentos estudantis, alunos e docentes da USP já estava agendado para a tarde desta quarta-feira (18). O protesto contra as violentas reintegrações de posse concentrou-se no vão do Masp.

No entanto, no final do dia, todos estavam com ânimos ainda mais exaltados em razão da atitude ultrajante do deputado Campos Machado (aquele), que pela manhã articulara de modo a anular o pedido de instalação da CPI da merenda. Na noite anterior, Campos Machado (PTB) já tinha feito de tudo para esvaziar a sessão. Falou por 40 minutos. Sem sucesso.

Por 49 votos, os deputados da base e da oposição aprovaram o regime de urgência do projeto. Mas o papel de Machado é o de blindar Fernando Capez, presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo (ALESP), e jogou água no chopp da CPI. Para os estudantes, jogou gasolina na fogueira.

O trajeto decidido no jogral antes da saída da marcha foi que o término acontecesse em frente a Secretaria de Educação, na Praça da República. Só que a polícia decidiu abreviar a caminhada.

No final da avenida da avenida Consolação, praticou uma detenção arbitrária, sem motivo aparente. Foi o estopim para uma confusão generalizada.

“Fizeram a prisão só para causar e depois que se formou uma roda em volta deles começaram a dar chutes e cacetadas. Quase desmaiei de tanto spray de pimenta na cara”, disse Teresa C., aluna da E.E. Fernão Dias.

Para ‘dispersar’ a multidão em volta, a PM utilizou-se de suas ferramentas. Muito spray de pimenta e farta distribuição de golpes de cassetete. Sobrou para todo mundo: adolescentes, pais, imprensa, eu incluso. Ao notar que estava sendo gravado, o policial que estava de frente para mim acertou-me no braço. Continuei gravando. Eu só não contava que estava cercado e mais alguns golpes atingiram minhas costas.

A fotógrafa Gabriela Biló, do Estadão, apanhou feito gente grande. O fotógrafo free lancer André Lucas Almeida foi brindado com uma cacetada nas costas que resultou na destruição de seu laptop.

Pelo menos seis manifestantes foram detidos. Muitos estavam feridos. Lucas Antonio, um apoiador do ato, estava sangrando muito na nuca. A caçada prosseguia pelas ruas do centro e a Praça da República testemunhava mais uma barbárie da polícia militar. Para regozijo de Campos Machado, Coronel Telhada, Alexandre de Moraes et caterva, a polícia bateu a torto e a direito.

Por que Campos Machado não passa mais tempo na cabeleireira tingindo a peruca e para de atrapalhar os trabalhos? Ele é um tronco no meio do caminho das urgências cidadãs.

Neste momento, além de São Paulo, há 71 escolas ocupadas no Rio de Janeiro, 41 no Ceará, 46 no Rio Grande do Sul e a primeira ocupação ocorrida no Paraná (em Maringá esta manhã). A educação é prioridade em todos os discursos desde o tempo das cavernas mas na prática pouco se vê.

Nesta quarta-feira (18) o novo Ministério da Educação e Cultura suspendeu novos contratos do FIES (Fundo de Financiamento Estudantil) em várias faculdades e também a seleção para novas bolsas do PROUNI e PRONATEC. Merenda é apenas mais uma das inúmeras pautas que denunciam o desleixo com que a educação é tratada. E os jovens de todo o país não admitem mais essa política e muito menos essa polícia. Nossos jovens vão continuar apanhando até quando?