A suspensão do depoimento de Lula evitou a batalha campal que um promotor exibicionista queria. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 17 de fevereiro de 2016 às 11:40
Confronto na Barra Funda (Foto de Zanone Fraissat)
Confronto na Barra Funda (Foto de Zanone Fraissat)

 

O conselheiro do Ministério Público Valter Shuenquener de Araújo impediu que uma batalha campal ocorresse na Barra Funda, em São Paulo, por conta de um promotor viciado em aparecer.

Shuenquener suspendeu a audiência de Lula e da mulher, Marisa Letícia, sobre o triplex no Guarujá.

Acatou o pedido do deputado petista Paulo Teixeira, que criticou a distribuição do caso. As suspeitas sobre o apartamento são apuradas na 5ª Vara Criminal da 1ª Promotoria, embora Cássio Roberto Conserino, autor da convocação do casal Lula da Silva, seja da 2ª Vara.

Teixeira também questionou o fato de Cássio ter antecipado, na Veja, seu ponto de vista, e por ter colocado o sítio em Atibaia no meio da acusação.

Mesmo sem a presença de Lula e de Marisa, o clima esquentou. Por volta das 10h40, integrantes dos Revoltados On Line tentaram encher um pixuleco gigante. Foram impedidos por grupos pró-governo.

Manifestantes usaram sinalizadores de fumaça. Duas faixas da Avenida Abrahão Ribeiro foram interditadas. Uma moça de camisa vermelha levou uma pedrada na cabeça.

Se houve esse tipo de confronto sem Lula, é de se imaginar como seria com sua presença. Conserino deu uma entrevista coletiva na sequencia, visivelmente contrariado, argumentando que a decisão do conselho foi “induzida a erro” (!?).

Um tipo histriônico, arrogante, que quer ver o circo pegar fogo. Em tom inquisitorial, falou em pessoas que “se acham acima da lei”, referindo-se, obviamente, a Lula.

Ora, se cabia o recurso, se a liminar foi acolhida, enfim, se foi dentro dos trâmites legais — qual é a violação à lei? Ou o sujeito deve obedecer às suas ordens sem questionar?

Conserino já deu diversas demonstrações de seu estilo e do que ele deseja na realidade e é um espanto que ainda esteja ocupando esse posto. Mandou prender policiais e um advogado que, supostamente, estavam envolvidos com jogos de azar. Sem provas, mas com manchetes.

O juiz o obrigou a pagar indenização ao causídico por exposição à execração pública. Em outro caso, um juiz declarou que Conserino “a um só tempo conspurcou e desrespeitou seu próprio trabalho”, além de procurar “verdadeiro sensacionalismo midiático, intranquilidade e comoção nos meios jurídicos e policiais locais”.

Cássio Conserino é obcecado por ser notícia e um predador contumaz. Lula é seu troféu. Não vai desistir enquanto não vir sangue.