A única verdade indiscutível que Pelé disse na vida. Por Scott Moore

Atualizado em 24 de outubro de 2015 às 6:52
Rei
Rei

Ladies & Gentlemen:

Pelé disse muitas bobagens ao longo de seus 75 anos, completados esta semana.

Mas há uma verdade indiscutível em meio às tolices: nunca apareceu um jogador como ele.

Mesmo Chrissie, minha neurastênica e azedíssima mulher que vive de me contrariar, concorda com isso.

Os dois melhores jogadores depois da Era Pelé, Maradona e Messi, simplesmente não são Pelé.

Não há imagens de Pelé como as há de Messi, ou mesmo de Maradona, beneficiados pela Era do Vídeo.

Mas as estatísticas são avassaladoras. Pelé ganhou três Copas, a primeira aos 17. E fez mais de 1 000 gols.

No plano doméstico, Boss, corintiano roxo, explica: “O Pelé transformou um time pequeno, o Santos, numa potência mundial. O Santos era o time de uma cidade média, como o Botafogo de Ribeirão Preto. Em pouco tempo, com o Pelé, ganhou dois títulos mundiais de clubes.”

Pelé foi o chamado jogador-exército, aquele que funciona como um batalhão.

Os jogadores da Copa de 1970 lembram que, ao vê-lo no vestiário, se sentiam extremamente confiantes.

Ao mesmo tempo, os adversários já entravam intimidados.

Pelé era completo. Driblava, arrancava, finalizava, servia, lançava, cabeceava, marcava, tudo isso em alto nível.

Até defender ele defendia bem: poderia ter sido goleiro, se quisesse.

Diz Boss: “Seu único defeito era adorar massacrar o Corinthians.”

Boss lembra um jogo a que, pequeno ainda,  foi levado pelos braços do pai.

“O Pelé estava marcado pelo Clóvis, um dos melhores zagueiros do Corinthians. O Clóvis, uns 20 cm mais alto, estava na cola dele. A bola estava na defesa do Santos, com o Rildo, lateral esquerdo. O Pelé estava na altura do meio de campo, pela esquerda, com o Clóvis no cangote. Aí o Rildo deu uma esticada em linha reta. Quando a bola estava chegando, o Pelé abriu as pernas e saiu correndo por fora do campo. A torcida demorou para entender o que tinha acontecido, e o Clóvis mais ainda. O Pelé foi pegar a bola perto da área. Entrou na área e quando o goleiro saiu nele rolou para  Coutinho, que fez o gol.”

Ladies & Gentlemen: Boss me contou mais de uma vez essa jogada, e sempre encantado, em nossas conversas no pub de Parsons Green.

Jamais haverá outro Pelé.

Quando aparecer um jogador que faça numa final de Copa um gol dando um chapéu na área aos 17 anos, e depois mais 1 000 gols, aí então poderemos conversar.

Sincerely.

Scott

Tradução: Erika Kazumi Nakamura