A violência do depoimento do cinegrafista mordido pelo pitbull de Richa. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 7 de maio de 2015 às 15:44


 

“As cenas que a gente viu foram de guerra. Helicópteros dando rasantes. Tinha atiradores de elite. Colegas de trabalho que presenciaram coisas horríveis choraram do meu lado, vendo professores apanhar como animais.”

Luiz Carlos de Jesus, cinegrafista da Band, foi mordido na coxa por um pitbull numa das imagens mais chocantes do show de horrores em Curitiba, quando a PM partiu para cima dos grevistas com força e com vontade. Mais de 200 manifestantes foram feridos, segundo a prefeitura. O sindicato fala em 392.

Luiz deu um depoimento a senadores e deputados na manhã de quarta-feira, 6, na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa da Câmara.

O ferimento do cão ficou a 3 centímetros da artéria femural. “O que mais me dói é quando minha mulher e minha filha vêem essa calça. Eu estava lá com uma câmera na mão, no ombro, para registrar o que acontecia”, disse, emocionado.

“E ainda tenho que ouvir do governador, do secretário de segurança, que eu pisei no cachorro, que fui para cima do cachorro. Então tá, me coloquem na cadeia, já que eu sou o culpado, já que vivemos num lugar onde os valores são invertidos”, continuou.

“Eu só quero ter o direito de fazer o que eu faço. Só vão me parar quando eu morrer e isso só vai acontecer quando Deus quiser”.

Beto Richa e o secretário Luiz Antonio Francischini conseguiram responsabilizar pela pancadaria, além das pessoas que apanharam, os black blocs que ninguém, a não ser eles mesmos, viram.

Luiz Carlos foi uma vítima colateral da insanidade de um governo inepto que mostrou sua vocação democrática no dia 29 de abril.

De acordo com a assessoria do governador, ele teria ligado para Luiz Carlos para pedir desculpas. Entre as centenas de demais feridos, ninguém recebeu um telefonema. O pitbull, no entanto, passa bem.