Alexandre de Moraes, cotado para a Justiça de Temer, é um renomado liberticida. Por Mauro Donato

Atualizado em 11 de maio de 2016 às 17:38
Moraes em seu elemento
Moraes em seu elemento

 

O atual Secretário de Segurança de Geraldo Alckmin deve ser nomeado Ministro da Justiça para o governo interino de Michel Temer.

A presença de Alexandre de Moraes no Planalto não dá conforto a ninguém que preze pela democracia e pelos direitos humanos. Se quiser um raio-x rápido de sua forma de atuar observe os acontecimentos recentes no Centro Paula Souza, ocupado por estudantes até a semana passada.

Moraes enfiou sua polícia lá dentro sem mandado algum, desrespeitou um acordo judicial, desencadeou a reintegração de posse sem a presença de representantes do Conselho Tutelar, descumpriu o Estatuto da Criança e do Adolescente. Um espetáculo sombrio de autoritarismo, ilegalidade e beligerância.

Alexandre de Moraes é um rolo compressor temido inclusive por peixes graúdos. O procurador do Ministério Público Federal, Matheus Baraldi Magnani, que o diga. Baraldi foi alvo de centenas de ações judiciais e medidas persecutórias iniciadas pelo escritório de advocacia de Alexandre de Moraes em nome do governo do estado de São Paulo, que tinham o objetivo exclusivo de intimidá-lo.

O procurador havia feito denúncias contra a PM. O ano era 2012 e o assassinato de 18 criminosos em uma operação da Rota provocou uma reação do PCC (Primeiro Comando da Capital) e logo depois uma série de chacinas ocorreu nas periferias de São Paulo.

Aliás, o nome do PCC associado ao do atual Secretário de Segurança de Geraldo Alckmin é um ponto intrigante em sua biografia. Alexandre de Moraes aparece no Tribunal de Justiça-SP como advogado de uma cooperativa de transporte suspeita de associação com o PCC para lavagem de dinheiro em pelo menos 123 processos.

A Trasncooper é tão umbilicalmente ligada ao PCC que o PT expulsou o deputado Luiz Moura, flagrado em uma reunião da cooperativa na qual estavam presentes 13 membros da facção.

O receio de que a repressão vista em São Paulo nos tempos atuais se amplifique é realista. A PM comandada por Moraes tem uma postura nitidamente parcial. Protege os acampados da Fiesp e ataca meninas democratas no MASP; Ataca bombas e atira balas de borracha contra estudantes da PUC e dá abrigo aos pró-impeachment do Mackenzie; espanca adolescentes que protestam contra Alckmin pela educação mas assiste de braços cruzados a taxistas contrários a Fernando Haddad praticarem um quase linchamento. Todo esse modo de operar tem um viés claro, um recado mais do que implícito.

Inicialmente, Alexandre de Moraes estava cotado para o cargo de Advogado Geral da União, no posto de José Eduardo Cardoso. Mas certamente Michel Temer e sua turma pensaram melhor e analisaram bem o currículo de Moraes e se lembraram que a Polícia Federal é subordinada ao Ministério da Justiça. Ficará sob o comando de Moraes. E em tempos de desejo de aniquilar a Lava Jato, Alexandre de Moraes é o cara.

Como diria o finado Cunha, deus tenha misericórdia de nós.