Angelina Jolie se precipitou?

Atualizado em 17 de maio de 2013 às 17:55

Remover os seios como ela fez está longe de ser uma prática unanimemente aceita.

Jolie
Jolie

O artigo que Angelina Jolie fez sobre sua mastectomia dupla era necessário? Mais do que isso: a cirurgia de Angelina Jolie era necessária?

Jolie conseguiu uma enorme exposição ao escrever no New York Times. Foi festejada por sua bravura, pela disposição em contar seu drama e por inspirar outras mulheres.

Mas fez surgir uma reação do mesmo tamanho por parte de médicos, cientistas e instituições que contestam a chamada “indústria do câncer de mama”.

Remover os seios de modo a extirpar o tecido que contém os genes BRCA1/BRCA2, causadores desse tumor, está longe de ser uma prática unanimemente aceita.

Jolie diz ter baseado sua decisão no fato de os médicos terem afirmado que ela teria 87% de chances de desenvolver a doença. Com a operação, escreveu ela, esse número cairia para 5%.

De acordo com Mike Adams, do site Natural News, mentiram para Angelina – e ela mentiu para os leitores.

“Quando um médico diz que você tem ‘chance’ de ter câncer, o que ele está falando é que você não tem controle algum sobre ele, o que não é verdade. Até mesmo Jolie pode seguir um plano para suprimir a atividade do BRCA. Não é difícil”.

A medicina tradicional trabalha com a ideia de que o câncer é um “risco percentual”. Na verdade, todos nós temos células cancerígenas. Não é algo que você pega no metrô. Precisa ser administrado e prevenido diariamente. Ter um fator de risco, ou mesmo muitos, não significa uma sentença de morte. A maioria das mulheres com um ou mais fatores de risco para esse tipo de tumor não desenvolve a doença.

Aproximadamente 70 mil casos de câncer de mama são diagnosticados erroneamente nos Estados Unidos. Mais de 1,3 milhão de mulheres foi submetida a tratamento nos últimos trinta anos – sem ter a moléstia. Esses números acabaram entrando nas estatísticas como casos de sobrevivência e de sucesso clínico.

A repercussão do texto de Jolie acabou, também, fazendo a festa do laboratório Myriad, cujas ações não param de subir. A Myriad tem a patente exclusiva dos genes BRCA. Sim, a patente dos genes, não dos testes.

A carta de Jolie não levou nada disso em consideração – bem como não considerou o fato de que a maioria das pacientes opta por fazer um implante de silicone, que pode aumentar os riscos de desenvolver câncer.  Jolie foi corajosa ao expor seu drama. Mas, se alguém está rindo de orelha a orelha, são os executivos e acionistas da Myriad, além de alguns milhares de cirurgiões.