Antônio e Markus: como um nerd sueco inventou o Minecraft, o maior fenômeno atual dos games

Atualizado em 15 de agosto de 2012 às 0:19

 

Vamos construir juntos: um simples jogo de cubos de montar virou uma febre

Todo dia ele faz tudo sempre igual: acorda e vai para o iPad jogar ou acessar o YouTube para ouvir dois nerds portugueses darem dicas sobre a coisa. Na volta da escola, iPad de novo. Dá uma pausa para tomar banho e jantar. Depois lá vamos nós para a velha rotina, até que a mãe, ou eu, o forcemos a largar aquilo e dormir.

Ele é Antônio, 8 anos, e a “coisa” é Minecraft, o novo fenômeno do mundo dos games. Desenvolvido por um empresa chamada Mojang, ele vendeu mais de 7 milhões de cópias apenas no PC. A versão para X-Box vendeu mais 3 milhões em três meses, feito comemorado no Twitter pelo criador, o gênio sueco Markus Alexej “Notch” Persson, 33 anos.

Qual é a graça do Minecraft? É uma espécie de jogo educacional em que você usa cubos para construir uma casa, um castelo – ou, se quiser, uma réplica da Estrela da Morte, a nave espacial de Star Wars, ou o Empire State Building. “No modo Survival, aparecem monstros à noite e a gente tem de se proteger construindo muros para eles não entrarem. O pior deles é o Creeper, com suas quatro pernas, duas na frente e duas atrás”, conta Antônio.

Lembra o LEGO, mas com um visual, de certo modo, tosco. Não tem um objetivo claro, mas isso, paradoxalmente, tem atraído os fãs: a liberdade criativa. O jogador utiliza picaretas, pás, machados, espadas e foices para ajuda-lo a erguer prédios ou combater zumbis. Minecraft é um projeto independente de Persson, que o inventou em 2009 sozinho e, no ano seguinte, com o êxito, fundou a Mojang. Foi o designer oficial de Minecraft até a companhia crescer e ele transferir o cargo para Jens Bergensten.

Persson Nasceu em Ystad e começou a programar games no computador aos 7. Criou seu primeiro jogo aos 8. Ganhou todos os prêmios possíveis da indústria, incluindo um especial da BAFTA, a academia britânica de artes televisivas e cinematográficas. Seu joguinho de cubos já tem mais de 18 milhões de usuários registrados e lhe rendeu em torno de 170 milhões de dólares. Assinou um contrato com a empresa que produz o LEGO. Um crítico afirmou que “o sucesso dele dependeu apenas de uma dose de conhecimento em programação e uma ótima ideia” e um site especializado classificou Minecraft como o quarto melhor game para jogar no trabalho.

Persson, o criador sueco

Persson pode ter tido “apenas” uma ideia, mas deu um duro danado para isso. Seu blog, The Word of Notch, é atualizado quase diariamente com suas descobertas, as oportunidades que surgiram, as dificuldades. É casado, membro de uma banda de música eletrônica e afiliado ao Partido Pirata da Suécia, bem como doador constante da ONG Médicos Sem Fronteiras. O cara conta também algumas boas piadas. “Eu visitei meu médico na semana passada e ele me disse para parar de me masturbar. Eu perguntei por que, já que isso não é perigoso. Ele disse que eu o estava distraindo”.

Antônio não vai entender essa piada. Não apenas pela idade, mas porque ele está ocupado demais jogando Minecraft para prestar atenção em qualquer outra coisa. Inclusive em mim.