‘Aproveito a impopularidade para tomar medidas impopulares’: a última barbaridade de Temer. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 23 de dezembro de 2016 às 12:55
No encontro com jornalistas, ao lado da equipe econômica
No encontro com jornalistas, ao lado da equipe econômica

Temer ainda teve tempo, no finalzinho de 2016, para proferir uma frase destinada à antologia das obtusidades.

Sequer original ele foi. Tomou a sentença do publicitário Nizan Guanaes.

“Um governo com popularidade extraordinária não poderia tomar medidas impopulares”, disse ele nesta quinta num encontro com jornalistas.

“Estou aproveitando a suposta impopularidade para tomar medidas impopulares.”

Ele se referia à reforma na legislação trabalhista e às mudanças na Previdência.

O mais pitoresco foi o uso do adjetivo suposto com o qual Temer se referiu ao apoio da sociedade a seu governo.

Suposta impopularidade?

Um momento: alguém tem dúvida disso? Temer vem batendo sucessivos recordes de rejeição. Cada pesquisa é pior que a anterior.

Não foi tudo.

Numa inversão monumental, ele conseguiu dizer que um governo popular não conseguiria aprovar medidas impopulares.

Desde quando?

É exatamente o contrário.

Administrações populares — sobretudo em seus primeiros meses — são as mais talhadas para passar medidas impopulares.

Como cientista político, aspas, Temer revelou-se uma desgraça ao dizer uma barbaridade daquelas.

Para completar o circo, nenhum dos jornalistas presentes o questionou sobre a abstrusa tese que ele fabricou.

É como se eles, a exemplo do que ocorreu no infame Roda Viva, estivessem dizendo a Temer: “Tamos juntos, presidente!”