Por que Aécio não é o cara

Atualizado em 29 de maio de 2013 às 17:56

O PSDB, para não se extinguir, tem que encontrar o seu Francisco.

Não é ele que vai resgatar os tucanos
Não é ele que vai resgatar os tucanos

Aécio tem alguma chance de ser presidente de algo que vá além do PSDB?

A melhor resposta é: tem chances matemáticas. E ponto.

Ele tem dois obstáculos monstruosos pela frente com vistas a 2014.

O primeiro é o seu partido: o PSDB há anos perdeu o rumo. Deslocou-se para a direita quando o zeitgeist – o espírito do tempo, na grande expressão alemã – é o oposto.

Os tucanos não se deram conta de que o grande mal do mundo moderno se chama iniquidade social.

Até a Igreja Católica, em sua lentidão monumental, captou isso e fez de Francisco um papa devotado aos pobres e desvalidos.

Em busca da sobrevivência, o Vaticano foi buscar o homem que pode reaproximar a Igreja das pessoas. Dos 99%, para usar o brilhante termo consagrado pelo movimento Ocupe Wall St.

Porque quem pode lotar missas é o 99%.

Francisco deu um choque positivo nos fiéis e até nos infiéis como eu: ora, enfim um papa que anda de ônibus, viaja de econômica, vai visitar pobres e é claramente contra a injustiça social.

Um papa que é, genuinamente, contra um modelo econômico em que poucos têm muito e muitos não têm nada.

Parecia óbvio o que a Igreja tinha que fazer para combater o declínio, mas é só olhar para Ratzinger para ver que não era.

Aécio não é Francisco, definitivamente.

E então chegamos ao segundo obstáculo da candidatura Aécio: o próprio Aécio.

Há muito tempo ele pertence, inteiramente, ao 1%. Imaginar que ele vá conseguir convencer as massas a optar por ele é o chamado triunfo da esperança.

O PSDB, se não quiser desaparecer, tem que encontrar o seu Francisco, o seu anti-Serra. Ou formá-lo.

Aécio não é esse homem.