As redes sociais são a TV da nova geração?

Atualizado em 5 de junho de 2015 às 9:00

 

O aplicativo Newzulu, que publica vídeos em tempo real
O aplicativo Newzulu, que publica vídeos em tempo real

Publicado na DW.

 

“Vocês todos falam sobre as tendências da minha geração, mas nenhum de vocês é da minha idade!” A frase proferida por um espectador do World News Media Congress foi aclamada pelo público. No encontro anual da imprensa mundial em Washington, cabeças com cabelos brancos e grisalhos dominam as mesas de discussões.

Os diretores das empresas de mídia mais importantes do mundo aproveitam o evento, cuja edição deste ano termina nesta quarta-feira (03/06), para apresentar suas novas estratégias. Com isso, eles pretendem alcançar e compreender especialmente a chamada “Geração Y”, à qual pertencem pessoas na faixa dos 19 aos 34 anos, que cresceram com a internet. Eles são o presente e o futuro do consumo de mídia e notícias.

De acordo com um novo estudo do Centro de Pesquisas PWE, mais da metade dos jovens americanos toma conhecimento de informações de relevância política exclusivamente através do Facebook. Exatamente o mesmo percentual da geração dos baby boomers – nascidos no pós-guerra, entre 1946 e 1964 – prefere assistir à televisão.

“É interessante o fato de que mais da metade das informações no feed de notícias da Geração Y envolve aspectos políticos”, disse no congresso a diretora da pesquisa jornalística no PWE, Amy Mitchell.

Segundo o chefe de pesquisa do Instituto Reuters, Robert Picard, é um erro pensar que os jovens não têm interesse por política ou notícias. “Muitas vezes, porém, eles não encontram uma abordagem pessoal do assunto, porque a mídia tradicional ainda não entendeu como deve se dirigir a essa geração”, disse.

Isso porque é difícil descobrir exatamente o que, onde e por quanto tempo alguém assiste, lê ou ouve algo. “O consumo de notícias desta geração é cada vez mais personalizado e está em constante mudança. É por isso que não se pode prever tendências absolutas para eles”, afirmou Picard.

Consumo móvel

No entanto, é senso comum que as notícias para cada dispositivo precisam ser produzidas de modo diferente. A versão para smartphones desempenha o papel mais importante, pois as notícias são lidas principalmente quando as pessoas estão a caminho de algum lugar. “Produzimos primeiramente para o consumo móvel, em seguida, para o tablet e o computador e, depois, caso a história ainda seja relevante, ela é impressa”, disse o diretor de marketing do diário americano USA Today, Tom Miller.

Há apenas algumas semanas, vários veículos – entre eles os portais de notícias alemães Bild.de e Spiegel Online – anunciaram que publicarão notícias completas diretamente no aplicativo do Facebook. Isso significa que, no futuro, notícias e reportagens multimídia aparecerão diretamente no feed de notícias do Facebook, sem que o usuário tenha que abrir um link para o respectivo site. Em troca, o Facebook oferece receitas geradas por publicidade e dados de usuários.

Apenas três segundos de atraso

“Desta forma, no futuro, notícias urgentes aparecerão em todas as telas”, disse Andy Crosby, vice-presidente do Newzulu, um aplicativo que coloca online conteúdo gerado pelo usuário enquanto ainda está sendo filmado. “Um incidente como o do [ataque ao jornal parisiense] Charlie Hebdo, pode ser transmitido ao vivo do local com este aplicativo”, exemplificou Crosby.

O Newzulu, que está no mercado desde abril, fornece a empresas de mídia e agências de notícias também um software que permite que o material de vídeo dos correspondentes e repórteres possa ser colocado em suas páginas online no calor dos acontecimentos. “Em algum momento, as emissoras de televisão farão o mesmo e não precisarão mais de caminhões de transmissão”, previu Crosby.

No início deste ano, o aplicativo Periscope já ofereceu uma tecnologia semelhante. Em março, ele foi comprado pelo Twitter por 100 milhões de dólares. “O Newzulu funciona de forma semelhante ao Periscope, mas filtra conteúdo desagradável ou ofensivo”, disse Crosby.

Isso ocorre durante os três segundos de atraso que existem entre o local de gravação e a transmissão do material na internet. Com um bilhão de smartphones no mundo e uma rede cada vez mais rápida, este é “o futuro das notícias e do jornalismo moderno”.