Berlusconi II: Doria insiste para o papa vir ao Brasil, ouve um não e dá lições de gestão ao Vaticano. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 19 de abril de 2017 às 10:52
Em breve, no Lide

 

Em crise de abstinência de semancol e insuflado com a virtual candidatura à presidência, o prefeito de São Paulo se encontrou com o papa Francisco em Roma e pediu que ele reconsiderasse sua decisão de não vir ao Brasil.

Francisco escreveu uma carta dura a Michel Temer explicando suas razões de não estar aqui durante as comemorações dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida.

“Não posso deixar de pensar em tantas pessoas, sobretudo nos mais pobres, que muitas vezes se veem completamente abandonados e costumam ser aqueles que pagam o preço mais amargo e dilacerante de algumas soluções fáceis e superficiais para crises que vão muito além da esfera meramente financeira”, afirmou.

A posição é abertamente política e peremptória, embora a justificativa seja a agenda.

O megalomaníaco Doria achou que, com seu charme, seus ternos e seu lábio superior cada vez mais imóvel, demoveria Francisco daquela ideia — a qual, de resto, foi tomada com a assessoria do Vaticano, mais os santos.

A falta de noção de João, já explicitada na filmagem de demissão de Soninha, caminha para terrenos insondáveis.

Educadamente, o Santo Padre deu-lhe a dispensa esperada.

“Será muito difícil. Espiritualmente estou com vocês”, respondeu em espanhol, depois de receber de presente uma camiseta da seleção brasileira assinada por todos os jogadores.

Doria ainda insistiu, naquele papo de chato de churrasco: “O difícil não é impossível. Se o senhor puder reconsiderar…”.

Ele estava com sua mulher, Bia, e a filha, Carolina. Quem pagou a conta?

Ao final, criticou numa coletiva os motivos e critérios daqueles desqualificados da Praça de São Pedro.

“Não quero fazer juízo sobre isso, nem me cabe, mas entendo que talvez não tenha havido uma orientação adequada ao Santo Padre porque não estar presente numa data tão importante como essa, a maior nação católica do mundo, não me parece talvez a melhor medida. Mas quem sou eu para julgar o papa?”, falou.

“Nos já sabíamos que havia uma decisão tomada pelo papa, ou pelo Vaticano, que ele não poderia ir para o Brasil. Dom Odilo Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, havia me dito isso antes mesmo da minha saída. Não tínhamos a informação da carta devolutiva do Vaticano ao presidente Michel Temer, o que não me inibiu de fazer o apelo. Afinal de contas, a humildade é algo que não falta a um papa. Especialmente ao papa Francisco. Voltar atrás é um sinal de grandeza.”

Em 2014, Berlusconi declarou que o papa Francisco “desempenha a função exatamente como eu teria feito”.

João Doria tem a quem puxar. Faltou fazer para galera o tendinítico “Acelera, Chico!”