Carlos Sampaio, o pitbull tucano do impeachment, é Lassie. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 26 de abril de 2015 às 18:57
Carlos Sampaio
Carlos Sampaio

 

O deputado Carlos Sampaio, líder do PSDB na Câmara, transformou-se na grande esperança branca de alguns para tirar a “frouxidão” (esse o termo usado por um colunista burro) do partido.

Sampaio, promotor cuja carreira foi construída em Campinas, seria merecidamente esquecido não fosse pelo apetite em acionar a Justiça e pelo histrionismo. Sua participação na CPI da Petrobras, como um torquemada de fancaria, faz sucesso entre os suspeitos de sempre, que enxergam nele um justiceiro.

É ele quem está levando adiante a chama do impeachment, abusando do clichê da “vontade das ruas”. Na semana passada, pagou um mico federal. Na manhã do dia 24, falou o seguinte: “Se depender da bancada do PSDB, protocolamos este pedido [de impeachment] entre terça e quarta-feira”.

Ainda faltam os pareceres de juristas e, dentro do próprio partido, Serra e FHC recuaram. Aécio mesmo, parceiro de CS em suas cavalgadas na justiça, o desautorizou.

À noite, Sampaio avisou que voltou atrás. “Talvez tenha me expressado mal. Vou na terça pela manhã tomar um café com o Aécio para levar a posição da bancada, para ouvi-lo. Ouvi-lo mesmo, porque a decisão tem que ser conjunta. Não faria sentido eu falar: ‘Eu vou na terça ouvir o Aécio’ e na quarta eu entro”, afirmou. “Para a bancada, não tem mais o que aguardar. Já temos os elementos e daí vamos decidir conjuntamente.”

Carlão “avançou”, disse um colega dele.

Jânio de Freitas o classificou como ridículo. A busca desesperada de holofotes causa essas patetices.

Ele já protocolou na Procuradoria Geral da República uma representação por improbidade administrativa contra Dilma por causa do envio de cartões de Natal aos servidores públicos.

Pediu explicações quando Padilha, então ministro, convocou uma cadeia de rádio e TV para falar da campanha nacional contra o HPV — talvez Padilha devesse, na visão de Sampaio, mandar um SMS. Requisitou a apuração de uma possível lavagem de dinheiro no processo de arrecadação de fundos para pagar multas dos petistas condenados pelo mensalão.

Em outubro passado, apresentou o pedido ao TSE para verificar a “lisura” da eleição. Segundo o texto protocolado, a apuração e a infalibilidade da urna eletrônica foram questionadas nas redes sociais.

Ele mesmo se jacta da repercussão de suas atividades. “Amigos, a imprensa deu destaque ao nosso relatório paralelo na CPMI da Petrobras, muito mais abrangente do que o relatório oficial”, escreveu no Facebook.

Para os desavisados, Sampaio é um sujeito corajoso, o único tucano com sangue nos olhos, ou algo que o valha. Não é. Tomou um pito, sentou e deu a patinha. Mas voltará a latir assim que os donos mandarem: “isca, isca!”