Carta aberta de um pai que perdeu o filho na boate Kiss

Atualizado em 27 de janeiro de 2017 às 14:28

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Há quatro anos, em 27 de janeiro de 2013, perdemos 242 jovens em um incêndio na boate Kiss em Santa Maria, a maioria em poucos minutos. Um deles meu filho.

Dia 25 de janeiro, ele teria feito 36 anos. Nesse dia houve o ato da entrega da Petição à Corte Interamericana de Direitos Humanos – OEA.

É a busca da justiça em um país injusto, onde entes públicos, que sabiam das condições de insegurança, foram retirados do processo por outros entes públicos.

Nesses quatro anos não só perdemos nossos filhos por causa da irresponsabilidade pública e ganância de proprietários, perdemos a esperança de um processo justo do MP do RS.

Além de arquivarem os processos de improbidade administrativa de todos os entes públicos apontados com contundentes provas pela Polícia Civil, procuram intimidar os pais das vítimas.

Promotores processam pais de vítimas, tentam dar um cala-boca nas manifestações.

Não somos só o país da impunidade, somos também o país da vergonha pública.

Da inversão de valores e da mais absurda de todas as inversões.

Todos os que leram os absurdos e equívocos que os promotores cometeram quanto a improbidade na administração pública sabem que os promotores estão errados.

A equivocada interpretação e o receio de promotores de se levar a frente o processo contra entes públicos.

O receio de avançar na punição a entes públicos omissos e negligentes.

O receio e covardia que aqueles jovens não tiveram naqueles momentos terríveis.

Muitos após saírem voltaram para salvar amigos e irmãos e acabaram morrendo.

Um deles meu filho.

Paulo Carvalho, pai de Rafael Carvalho

Um menino honrado, honesto e bom, muito bom.