Chegou a hora de os brasileiros conhecerem os pecados de Serra. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 10 de julho de 2016 às 21:43
Hipócrita
Hipócrita

Estava demorando demais para o nome de Serra aparecer nas delações.

Não mais.

Neste domingo, o colunista Lauro Jardim, do Globo, afirmou que Serra será citado em duas superdelações, ambas de empreiteiras com antigos vínculos com o PSDB, OAS e Odebrecht.

Não que Serra esteja na iminência de colocar uma tornozeleira. Moro e a Lava Jato são parciais demais para punir tucanos, e Serra é amiguinho dos donos da mídia.

Mas as citações têm um valor simbólico que não se deve desprezar. Cai a máscara de mais um tucano demagogo, cínico, hipócrita, um moralista canastrão que acusa à luz do dia outros por coisas que faz no escuro.

Serra é da mesma turma, ou gangue, de FHC e Aécio. Ambos não hesitaram nos últimos anos em chamar os adversários petistas de corruptos mesmo tendo um passado tenebroso. Não só o passado, aliás.

São políticos que se locupletam e ao mesmo tempo manipulam os brasileiros. Falam abusiva e malandramente de corrupção para desviar a sociedade do debate sobre o verdadeiro câncer nacional: a desigualdade.

Prevaricaram sempre na certeza da eterna impunidade.

Eles nunca tiveram sequer o constrangimento moral de serem vinculados a atos corruptos. A imprensa cuidou de zelar pela imagem de pureza — fajuta — deles.

Só recentemente, com as delações de gente como Sérgio Machado, a festa acabou. A frase que marca o choque de realidade é exatamente de Machado. “Fui dez anos do PSDB. Não sobra ninguém.”

Todos têm seus esquemas. Apenas nada era noticiado. As denúncias de corrupção nas manchetes de jornais e revistas — boa parte delas frágeis ou até inventadas — sempre estiveram concentradas no PT.

É um avanço enorme para o país que políticos do naipe de Aécio e Serra já não possam mais fazer campanhas à base do mentiroso combate à corrupção.

É como aqueles pastores conservadores que condenam selvagemente a homossexualidade e depois são pilhados numa boa gay. Pelo menos você pode saber que o discurso de ódio deles morreu.

Serra não é só um demagogo. É um inepto. Em seus dias de prefeito de São Paulo não conseguiu salvar sequer as árvores da cidade, que desabavam a cada chuva mais morte. Levou também constantes bailes dos pernilongos paulistanos.

No governo de São Paulo tagarelou sobre meritocracia ao mesmo tempo que arrumava cargos para a família de Soninha. No Senado, deu um cabide para a irmã da ex-amante de FHC.

Serra é um caso de ambição maior que a competência. Acha que nasceu para ser presidente, embora os eleitores estejam cansados de dizer que não concordam.

Demorou, mas, graças às delações da OAS e da Odebrecht, os brasileiros estão prestes a conhecer o Serra real.

É medonho.