Com fascistas não se conversa: uma lição de 1935 para os dias de hoje. Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 13 de outubro de 2017 às 0:05
Seu Alberto

 

Já publiquei a foto do personagem aqui. É Alberto de Souza (1908-92), herói (quase) anônimo do povo brasileiro. Faço-o novamente neste 7 de outubro. A data marca os 83 anos da Batalha da Praça da Sé, quando centenas de comunistas e democratas colocaram para correr quase quatro mil integralistas reunidos no local.

O objetivo da direita era comemorar os dois anos do lançamento do Manifesto Integralista, de Plínio Salgado, chefe da versão nativa dos fascistas italianos. Uma espécie de MBL da época, grupo tão abusado quanto a malta atual.

Apelidados de galinhas-verdes – pela cor da camisa – os manifestantes vieram de diversos pontos da capital e do interior.

Não sabiam que a esquerda – conhecendo o planejado – marcara outro ato para o mesmo dia e lugar.

Seu Alberto era bauruense e comunista desde muito jovem. Enfrentou prisões e torturas, em 1935, que o deixaram paraplégico. Mas naquele 7 de outubro ele estava na Sé, a mil, desde a madrugada. Já velho, contava a história entre baforadas de um cigarro de palha e soltas gargalhadas.

“Vários companheiros foram armados, outros com pedaços de pau e a maioria só levou punhos e pés. Alguns subiram nos telhados dos prédios em volta, para dar cobertura, diante de qualquer eventualidade. Planejamos direitinho. Com fascistas não se conversa”.

Seu Alberto era soldado da Força Pública. Nesse dias estava à paisana e brigou como um leão. Levou e distribuiu pancadas, no meio da batalha campal.

O que se viu foi um enfrentamento memorável. Os direitistas, mesmo em maior número, fugiram apavorados.

Lembro hoje da gargalhada de meu companheiro.

“Com fascistas não se conversa”.

“Com fascistas não se conversa”.

“Com fascistas não se conversa”.

A frase lateja em minha cabeça.