Como a Abril via Marcela Temer e sua irmã antes de a Veja inventar uma “estreia” da 1ª dama. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 31 de dezembro de 2016 às 19:31
Michel e Marcela
Michel e Marcela

 

Depois do clássico “bela, recatada e do lar”, a Veja voltou à carga com um poema sobre a primeira dama.

A matéria “A estreia de Marcela Temer” assegura que ela terá uma “agenda nacional que começa a ser cumprida em janeiro” e que é “a nova aposta para tentar alavancar os índices de popularidade do governo”.

Segundo a Veja, a “embaixadora” do Programa Criança Feliz tinha “uma função meramente protocolar”, mas agora a moleza acabou.

Uma sabujice inacreditável, ainda pior que a de revistas especializadas como a Caras e quejandos porque disfarçada de jornalismo. São os milagres dos pixulecos de Temer pingando na Editora Abril.

Na ocasião da primeira capa com Marcela, citei um episódio que vou rememorar aqui.

Em 2011, a Veja e a Abril estavam interessadas em outras virtudes dela e de sua irmã. A empresa não estava tão na draga e Temer era da falange “inimiga” — leia-se vice de Dilma. O golpe ainda era um brilho nos olhos de seus pais.

Naquele ano, a Playboy tentou publicar um ensaio com Fernanda Tedeschi Araújo, cunhada de Michel. Fernanda topou a princípio, mas desistiria em seguida.

Uma matéria na Veja, cujo tom maledicente contrasta com a reverência obtusa de hoje, explicava o imbroglio.

“Ex-aeromoça e, hoje, estudante de direito, Fernanda passou a fazer dieta e a se exercitar durante duas horas todos os dias, pensando nas fotos”, lê-se.

Ela deu uma ideia para as imagens: “posar de trança, o mesmo penteado que Marcela, sua irmã”.

“A pessoas mais próximas, dizia que o cunhado Temer não estava gostando nada da história. ‘Mas eu vou até o fim. Não é justo perder um contrato por causa desse parentesco’, confidenciou, em meados de abril”.

Em setembro, Fernanda estrelou uma seção chamada Happy Hour na Playboy, uma espécie de teaser. A Veja deu uma das imagens.

A partir daí, ela teria deixado de responder telefonemas e emails dos jornalistas. Em outubro (seria capa de dezembro), mandou uma carta cancelando tudo.

“O departamento jurídico da Editora Abril notificou Fernanda pelo descumprimento do contrato e pede agora a ela que pague uma multa de 60% do valor que receberia pelas fotos, além de compensação por perdas e danos. O clima é de pesar”, afirmava a Veja.

“Primeiro, sumiu de vista a deslumbrante Marcela Temer – depois do estrondo na posse, ela apareceu em público apenas uma vez, durante o lançamento de um programa de saúde do governo Dilma. Agora, outra beldade da família Tedeschi se retira. Não é possível imaginar que um único brasileiro lucre com essa desistência. Nem um.”

Se existe o tal plano genial para alçar Marcela a garota propaganda do desastre estrelado pelo marido, é esperar para ver. O fato é que ninguém, nem Jesus Cristo, salva esse negócio.

Fernanda, pelo sim, pelo não, está virtualmente desaparecida desde que Michel subiu ao trono. Nunca mais se ouviu falar da moça.

Quem pagou a multa contratual para impedir que a cunhada posasse pelada, calculada, na época, em 300 mil reais?

O Papai Noel.