Como a CPI da Máfia Merenda em SP está sendo instalada para dar em nada. Por José Cássio

Atualizado em 16 de junho de 2016 às 22:16
Ninguém
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Os estudantes secundaristas de São Paulo receberam nesta quinta, 16, uma boa e uma má notícia.

A boa: a Assembleia Legislativa de São Paulo definiu os integrantes da CPI da Merenda, criada para investigar a suspeita de fraude do fornecimento de alimentos para escolas estaduais. 

A má: o integrante mais idoso da CPI, deputado Estevam Galvão (DEM), é o responsável por convocar o encontro que vai definir o presidente e o vice. 

A expectativa da oposição é de que nada aconteça pelo menos até agosto, período que será monopolizado pela campanha eleitoral.

Se o Conselho de Ética, cuja convocação ficou na mão de Campos Machado, outro veterano da Casa, demorou um ano e cinco meses para ser instalado, a CPI não deve sair antes de 15 dias. Coincidentemente, é o prazo para o início do recesso”, comentou o deputado João Paulo Rillo (PT).

Mesmo sendo membro da Comissão de Educação, e um dos mais combativos da Assembléia, Rillo ficou de fora da CPI – à sua revelia, o PT indicou Alencar Santana.

Santana será o único deputado que não integra a base de apoio ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) na comissão: os demais 8 integrantes são Marcos Zerbini (PSDB), Barros Munhoz (PSDB), Estevam Galvão (DEM), Adilson Rossi (PSB), Jorge Caruso (PMDB), Gilmaci Santos (PRB), Coronel Camilo (PSD) e Delegado Olim (PP). 

A CPI tem um prazo de 120 dias para apurar o fornecimento de merenda nas escolas estaduais e o envolvimento de agentes públicos e políticos – os casos mais graves são o do ex-secretário da Casa Civil de Alckmin, Edson Aparecido, e o próprio presidente da Assembléia, Fernando Capez.

A quadrilha estava sendo investigada na Operação Alba Branca, da Polícia Civil e do Ministério Público. 

A Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar é acusada de criar um esquema com políticos e órgãos públicos estaduais para que a empresa fosse escolhida no processo de licitação das merendas escolares do estado de São Paulo.

Para pressionar pela instalação da CPI, em 10 de maio os estudantes ocuparam o plenário da Assembléia.

Na terceira vitória seguida sobre Alckmin em menos de um ano (conseguiram evitar a reorganização do ensino, evitar o corte de recursos e garantir merenda nas Etes), a ocupação do plenário rendeu, em menos de 24h, 70 assinaturas em favor da instalação da Comissão. 

Na tarde desta quinta, João Paulo Rillo tentava em vão protocolar 15 requerimentos de convocação às investigações, entre eles os que pedem as presenças de Edson Aparecido e Fernando Capez. 

Os documentos, assinados em parceria com os deputados Carlos Giannazi e Raul Marcelo, do PSOL, não foram aceitos com a justificativa de que o mais velho ainda não chamou a reunião para definir o presidente e o vice. 

A mesma negligência aos procedimentos de investigação vêm demonstrando o Conselho de Ética e a Comissão de Educação – esta virou piada por causa das reiteradas suspensões das sessões por falta de quórum.

As coisas são feitas para evitar o debate e as investigações”, diz João Paulo Rillo. 

Rillo mantém a esperança na pressão da opinião pública. 

É um caso que tomou grandes proporções e a sociedade quer uma resposta. Espero que os estudantes continuem pressionando, pois é isso que vai levar o caso pra frente”. 

João Paulo Rillo
João Paulo Rillo