“Como eu vi ‘The Office’ no trânsito”: nosso repórter testou os ônibus de São Paulo com Wi-Fi

Atualizado em 4 de novembro de 2014 às 12:59

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O DCM testou a primeira conexão Wi-Fi de internet 4G disponibilizada pela prefeitura de São Paulo com a SPTrans e as empresas Sambaíba Transportes e VEROnline.  A rede foi lançada gratuitamente no dia 20 de setembro, um sábado, em oito ônibus da linha 2104-10 Metrô Santana – Terminal Parque Dom Pedro II.

Por que internet pode ser útil no trânsito? Já não estamos usando muito Facebook, Twitter, Instagram, Whatsapp e outras coisas para nos conectar?

Exceto em conexões de banda larga doméstica ou empresarial, dificilmente há um plano de rede que funciona tão bem a ponto de rodar vídeos. E, convenhamos, é bem menos estressante pegar um ônibus cheio vendo um filme ou uma série.

Serve também como um atrativo a mais para deixar o carro em casa.

Numa quarta-feira, às 11hrs, peguei um ônibus da linha Mandaqui e fui à avenida Cruzeiro do Sul, na zona norte de São Paulo. Naquele local estava o ônibus de número 2104-10 com conexão Wi-Fi.

Para entrar na internet, basta ligar a conexão sem fio do celular e entrar na rede “SAMBAIBA_0001″. Depois, você precisa aceitar os termos de conexão e tudo estará funcionando.

As páginas abrem muito rapidamente. O Google em cinco segundos, contados no relógio. Os portais de notícia levaram alguns momentos a mais, por conta da quantidade de imagens.

Meu Gmail também foi carregado em cinco segundos. É um alívio ver mensagens no Whatsapp ou no Facebook Messenger imediatamente, sem depender do 3G vergonhoso da maioria das operadoras de telefonia no Brasil, que chega a demorar cinco minutos para carregar uma página, isso quando a conexão não acaba caindo.

Percorremos a avenida Cruzeiro do Sul, entre as estações de metrô Carandiru, Portuguesa-Tietê e Armênia. Depois, passamos a Rua da Cantareira, chegando no Terminal Rodoviário Parque Dom Pedro II. No retorno, viemos pela Avenida do Estado, passando pelo Mercado Municipal e retornando à avenida Cruzeiro do Sul.

 

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Marcelo Henrique Bernardes tem 23 anos e estava andando com seu filho Marcelo, de 4, no ônibus. Ele ficou espantado quando contei que podia acessar uma internet Wi-Fi de graça pelo celular. “Como eu tenho uma criança pequena, acho que vai ser muito bom acessar o YouTube”, disse.

O estudante Eduardo Pomar, de 22 anos, logo puxou o celular para ver mensagens de amigos. Para ele, internet no ônibus serve para Whatsapp e até para se preparar antes de assistir uma aula. “Agora posso fazer consultas escolares”, afirmou.

Eu fui correndo buscar um vídeo de um trailer de videogame no site. Rodou em menos de um minuto. O Netflix, com o seriado “The Office”, também funcionou mais ou menos nesse tempo.

O trajeto do ônibus 2104-10 é curto, percorrendo duas grandes avenidas, entre a calmaria da zona norte de São Paulo e o trânsito mais intenso do centro. No horário de rush paulistano, o trajeto costuma travar com a quantidade de carros da Marginal Tietê e da Avenida do Estado.

Por isso, andar no corredor de ônibus por ali é uma alternativa viável de se locomover, além do metrô. Não há ciclovias no percurso, então o transporte público ainda é a melhor alternativa. As empresas e a prefeitura precisam, talvez, implantar o 4G em linhas de ônibus que percorrem grandes distâncias, para que os usuários tenham acesso ao entretenimento digital de forma gratuita por mais tempo.

O que faz falta no ônibus 2104-10 é um ar condicionado, presente nos novos coletivos 809P-10 Terminal Campo Limpo-Pinheiros e a 857P-10 Terminal Campo Limpo-Paraíso. Essas outras duas linhas também receberam internet Wi-Fi, mas com conexão 3G, no dia 2 de setembro. Testei a rede nesses dois modelos, que funcionou um pouco mais lentamente, com 10 segundos de latência entre as páginas que foram carregadas.

A mídia só está falando de internet nos ônibus neste mês, mas, de acordo com o funcionário David Ferreira Iongbloed da Sambaíba Transportes Urbanos, São Paulo já tem conexão de graça desde novembro de 2013. Os primeiros testes foram realizados com a operadora Vivo nos veículos da linha 209P-10, que liga Cachoeirinha com o Terminal Pinheiros.

Outros ônibus na cidade possuem contratos com a operadora Nextel. Estima-se que circulem cerca de 30 coletivos na cidade com Wi-Fi. A prefeitura quer encomendar mais 200, sendo que 110 terão ar-condicionado. A frota total é de 15 mil veículos.

É pouco? Parece que sim, mas mostra que uma São Paulo mais conectada está a caminho, para o bem e para o mal.

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