Como foi a segunda investida da PF na UFSC. Por Renan Antunes, de Florianópolis

Atualizado em 7 de dezembro de 2017 às 16:41
PFs no prédio FAPEU na UFSC (interditado até dia 13)

POR RENAN ANTUNES DE OLIVEIRA, de Florianópolis

A Universidade Federal de Santa Catarina tomou mais um susto da Polícia Federal: na manhã desta quinta (7), 30 agentes invadiram o prédio da FAPEU, fundação auxiliar na administração de projetos e da própria universidade, deflagrando a Operação Torre de Marfim.

Em especial, as autoridades investigam dois servidores que gerenciaram 300 milhões de reais em contratos entre os anos de 2010 e 2017. Eles são acusados de enriquecimento ilícito

A Torre de Mafim tem origem numa investigação deslanchada em 2014 pela Controladoria Geral da União (CGU) e cobre também contratos assinados ente 2003 e 2004.

Não se sabe o nome dos funcionários implicados.

Não se sabe também a razão da morosidade das investigações.

Atenção: a Torre Marfim não tem nada a ver com a Ouvidos Moucos, aquela desastrada operação de setembro , que resultou no suicídio do reitor Cao Cancellier e conseqüente enxurrada de protestos da sociedade civil.

Na Ouvidos, investigava-se desvio de verbas nos cursos de Educação a Distância (EaD).

O pessoal da Torre usou luvas de pelica. Os agentes, pelo menos em Floripa, chegaram com cortesia incomum – talvez reflexo das críticas sofridas na operação anterior.

No conjunto, 90 agentes foram distribuídos entre Floripa e Balneário Camboriu.

Eles cumpriram 14 mandados de busca e apreensão e 6 de condução coercitiva de funcionários, com autorização da 1º Vara Federal de Santa Catarina.

Segundo a PF, as investigações indicam que houve contratação de serviços sem licitação, pagamentos a empresas cujos gestores seriam familiares de funcionários e pagamentos a funcionários fantasmas.

A PF sustenta que desta vez “todas as provas apuradas foram auditadas pela CGU e pelo TCU, antes de encaminhadas à Justiça”.

A PF informou também que dois servidores lotados na FAPEU supostamente teriam amealhado fortunas pessoais, um deles de 4 milhões e outro de 7, enquanto administravam projetos – a PF pediu o sequestro de bens dos dois.

A entrada dos agentes no campus foi discreta, embora acompanhada pelos noticiários da manhã. A FAPEU está localizada entre a biblioteca central  o prédio da reitoria. Até às 14hs o prédio estava ocupado por agentes da PF, sem muita visibilidade – a vida no campus não sofreu alterações.

O chefe de gabinete da UFSC, professor Aureo Moraes, disse ao final da manhã que “a universidade foi tomada de surpresa” . Criticou a nova operação feita enquanto a UFSC ainda vive a onda de indignação com o caso Cancellier.

O Coletivo Floripa Contra o Estado de Exceção, nascido pós morte do reitor, divulgou nota afirmando que “os novos ataques sofridos pela UFSC com a Opeação Torre de Marfim representam uma grave violação ao Estado deDireito e à autonomia constitucional, ofendendo as tradições democrátias do pais”.

Segundo o coletivo, “estas operações policiais são expedientes abusivos, característicos de um Estado de Exceção”.