Como os sites progressistas foram discriminados pela Secom nos anos Lula e Dilma. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 14 de junho de 2016 às 9:49
A internet foi sempre desprezada pelo governo federal
A internet foi sempre desprezada pelo governo federal

Uma leitora nos procura para saber se é verdade uma lista que o Antagonista publicou sobre anúncios do governo federal em sites progressistas como o DCM.

A resposta cabe numa palavra: não é uma lista. É uma canalhice. Mais uma de um site que reúne o pior do pior na internet.

Não se poderia esperar outra coisa quando você sabe quem são seus editores. Um deles é o manjado Diogo Mainardi, aquele que prende Lula há mais de dez anos.

Seu comparsa, Mário Sabino, se notabilizou por haver mandado um subordinado escrever, quando redator chefe da Veja, que ele, Sabino, era um novo Machado de Assis.

Sabino acabara de lançar um romance que, como amplamente esperado, virou pó rapidamente. O novo Machado era o velho Sabino. Eu estava na Abril na ocasião: mesmo numa empresa que já perdera a noção do que é jornalismo a ordem de Sabino foi recebida com estupefação. Ali ficara claro que a Veja morrera.

Os números divulgados com alarido criminoso pelo Antagonista mostram exatamente o contrário do que seus editores gostariam que acontecesse. O que houve, na realidade, foi uma absurda discriminação na Secom contra os sites da esquerda na era Lula e Dilma em benefício da mídia plutocrata.

Considere.

Os sites de esquerda, todos eles somados, receberam em anúncios de estatais federais 11 milhões de reais.

Apenas a TV Globo, para ficar num caso icônico mas não único, recebe anualmente 600 milhões de reais da Secom. Isto quer dizer: 60 vezes mais que todos os sites progressistas reunidos.

É acachapante quando você pensa em percentuais. Onze milhões de reais representam 0,5% — meio por cento — da verba de publicidade de 2 bilhões de reais da Secom.

Na prática, a política da Secom ignorou um público florescente de pessoas que abominam Globo, Veja, Folha, Estadão e congêneres.

Apenas o DCM se aproxima rapidamente dos 20 milhões de acessos mensais. Nossos leitores únicos giram em torno 4,5 milhões — um número em constante crescimento.

É uma audiência diferente daquela dos grandes grupos jornalísticos. O público da Globo e congêneres é composto por pessoas crédulas, facilmente manipuláveis e sem conhecimentos básicos de política. São os clássicos analfabetos políticos, ou simplesmente midiotas. (Aliás, é o mesmo público do Antagonista.) Você pode atestar isso nos comentários dos sites da grande mídia.

O universo dos leitores dos sites progressistas é mais complexo, mais sofisticado, mais exigente. E enorme, como se pode ver pelas manifestações antigolpe e, mais ainda, pelos 54 milhões de votos de Dilma.

Há várias comparações cabíveis. Lobão e Gentili estão para a grande mídia assim como Chico Buarque e Veríssimo estão para os sites progressistas.

Mesmo assim, a opção da Secom foi, sempre, por Lobão e Gentili na política de verbas publicitárias.

Um detalhe interessante é que a Globo teve sempre seus 600 milhões anuais — e falamos aqui apenas da TV, e não do jornal, das revistas, da CBN etc — apesar da queda brutal de sua audiência nestes últimos anos e de sua política editorial assassina.

A Globo aparelhou a Secom há muitos anos, e o PT jamais teve coragem de mudar isso.

Pouco tempo atrás, o ex-ministro Gilberto de Carvalho disse que um dos maiores erros dos governos Lula e Dilma foi haver financiado a mídia que os sabotava freneticamente e desprezado sites de crescimento explosivo que, fora tudo, ofereciam e oferecem uma contrapartida à narrativa desonesta e muitas vezes criminosa dos Marinhos, dos Frias, dos Civitas e por aí vai.

Os números do Antagonista — um site financiado pela consultora Empiricus, especializada em apostar contra o Brasil — comprovam isso.