Como um homem deve se comportar no Carnaval. Por Nathali Macedo

Atualizado em 5 de fevereiro de 2016 às 11:01

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Há quem diga que a receita para não ser assediada no carnaval é não participar do carnaval. Como se gostar da festa fosse uma indecência e, mais ainda: como se a mulher devesse se abster dessa diversão para manter-se a salvo de homens inconvenientes.

Toda mulher – toda pessoa, aliás – pode gostar de dançar a noite inteira ou preferir ficar em casa vendo filme. Isso não nos diz respeito. O que não me parece admissível é que essa escolha dependa do comportamento abusivo do outro.

Há também quem diga que problematizar o comportamento masculino é machismo às avessas. Ressalvo: não nos interessa ditar regras para que os homens vivam suas vidas, desde que isto não invada nossos corpos ou nos ameacem a liberdade.

Este não é, portanto, um manual arrogante. É um conjunto de regras simples que, de tão óbvias, é difícil acreditar que ainda há quem não as compreenda.

1. Não sempre significa não – Quando uma mulher quiser te beijar ou ir para a sua casa, você saberá. Se ela disse não, ela não quis dizer sim ou talvez. Ela não está criando um jogo de sedução, ela não está tímida, ela não teme que você a considere fácil. Não há nada na negativa feminina que transcenda o óbvio.

2. Roupas sensuais não são um convite – A sensualidade no modo de vestir nem sempre prenuncia a dança no acasalamento. As mulheres não se vestem como forma de chamar a atenção dos homens ou sinalizar disposição para o sexo. Um short curto nãos significa um convite para mãos atrevidas – porque, sim, ainda há quem toque o corpo do outro em plena avenida sem permissão.

3. Lésbicas não precisam da sua intervenção – Se duas mulheres estão se divertindo juntas, elas provavelmente não precisam da sua intervenção. Fetichizar o amor alheio também é opressivo.

4. Não queremos assistir o seu xixi – Deparar-se com uma cena íntima sem prévio aviso não é exatamente o que alguém espera de uma noite divertida. Procurar um lugar adequado é o mínimo que se espera dos bons modos.

5. Não vale ser transfóbico o ano inteiro e se vestir de mulher no carnaval – Criticar transexuais e travestis 360 dias por ano e soltar os demônios com uma peruca loira no carnaval é um tanto quanto contraditório.

Um adendo: rir do seu amigo porque ele “pegou um traveco” é transfobia.

6. Respeite o espaço e o corpo do outro: Não precisamos ditar regras de comportamento masculino se cada um adotar o comportamento simples de respeitar o corpo e o espaço do outro.