Conheça a Temerite, a doença que deixa os brasileiros prostrados mesmo às vésperas das Olimpíadas. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 8 de julho de 2016 às 19:35
Uma calamidade pública
Uma calamidade pública

Falta menos de um mês para as Olimpíadas, e o Brasil está melancólico.

Nada remete ao sentimento de festa e expectativa que normalmente deveria se espalhar pelo país numa situação destas.

O mal que aflige o país chama-se temerite. É a melancolia derivada da figura depressiva de Michel Temer.

A mera existência de Michel Temer entristece e rebaixa os brasileiros.

Num momento em que o país necessita dramaticamente de alguém que empolgue e devolva o otimismo e a autoestima à sociedade, Temer é o exato oposto disso.

Não vou nem falar da forma imunda como ele chegou ao poder, que isso já é suficientemente conhecedo. Também não vou citar as pesadas suspeitas de corrupção que pesam sobre ele. E vou deixar de lado sua ligação de irmão siamês com Eduardo Cunha.

Vou me deter em outra coisa: Temer não tem nenhuma das características que um líder deve ter.

Imagine uma empresa em crise. É essencial, para ela não morrer, que um líder faça os funcionários acreditarem que uma virada é possível. Tem que ser alguém que fascine, inspire confiança, seja visto como um capitão e um visionário.

Temer não preenche nenhuma das características acima. Ele não é sequer respeitado pela plutocracia que o pôs no Planalto pela porta dos fundos. É ridículo com seu palavreado arcaico em que aqui e ali são apostas mesóclises que já no tempo de Jânio Quadros eram ultrapassadas.

Numa corporação, alguém como Temer jamais chegaria ao topo, sobretudo em circunstâncias complicadas que demandam um choque de fé, de esperança.

Ele pareceria, numa corporação sob risco de vida, muito mais o coveiro do que o ressuscitador.

E é este homem que está na presidência do Brasil. Isto é uma tragédia nacional.

Será terrível se ele permanecer onde está até 2018. Uma calamidade. Lamentavelmente, as chances de que isso ocorra não são pequenas.

As ruas não se ergueram contra ele e contra o golpe, não, pelo menos, na medida que se impunha. É como se a esquerda tivesse se resignado, ou por preguiça ou por falta de crença em sua capacidade mobilizadora. Até os jovens secundaristas estão com os traseiros no sofá.

Tudo isso resulta numa imensa apatia, numa tristeza funda, soturna, brutalmente imcompatível com o alarido feliz que deveria antecipar as Olimpíadas.

É a temerite, uma doença que por muitos anos atormentará os brasileiros — mesmo depois que o vírus que a provocou, Temer, for apenas uma nota de rodapé na história.