Danilo Gentili, valente na rede, tremeu diante de um oponente em pessoa: “Galinha frouxa”. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 14 de outubro de 2017 às 18:23

O jornalista Diego Bargas, da Folha de S. Paulo, assistiu ao filme “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”, de Danilo Gentili, e escreveu um texto de que o apresentador não gostou.

Diego descreve cenas que parecem muito ruins, como uma em que um homem aceita ajudar alunos a encontrar o pior estudante desde que eles o masturbem.

No filme, segundo Diego, há pessoas tratadas como gordas e expressões como “arrombar a mãe”.

Na única frase que poderia ser considerada mais crítica, ele disse: “o filme espicha a discussão incessante sobre os limites do humor”. Nada demais.

No artigo, é dada a palavra a Danilo:

“Você acha que a gente senta e decide quem vamos ofender? Vamos fazer uma comédia, não passou pela nossa cabeça se iríamos ofender alguém. Parece que passa pela cabeça de quem está fazendo a pergunta”.

Com a publicação da crítica, Danilo partiu para o ataque e, como o líder de uma matilha, foi seguido por seus seguidores, que também atacaram o jornalista.

Disse Gentili, que postou vídeo da entrevista que Diego realizou com ele:

“Esse cara do vídeo abaixo se chama Diego Bargas, e como pode ver nas imagens que postei aqui nos coments, ele se comporta mais como militante político do que como jornalista isento. Sendo assim, que credibilidade teria um torcedor do PT entrevistando eu (sic), um artista que está literalmente na lista negra do PT?”

Danilo foi buscar posts antigos de Diego, em que ele se mostra uma pessoa de esquerda e demonstra simpatia por Dilma, Lula e Fernando Haddad.

“Ele tem problema com psicopata na ficção. No mundo real ele curte”, disse o apresentador.

Danilo politizou uma questão que é artística, assim como fazem seus amigos do MBL.

A matilha foi para cima do jornalista, com os xingamentos de praxe.

Na rede social, foi publicada a versão, não confirmada, de que Diego teria sido demitido da Folha por conta dos ataques.

Um antigo colega, Marcel Nadale, saiu em sua defesa:

“Danilo Gentili colocou seus 15 milhões de seguidores no Twitter para atacar o jornalista responsável Diego Bargas. E assim eles fizeram — tentaram até roubar a senha do Facebook dele (…). Lamentável que alguém como Danilo Gentili seja incapaz de lidar com críticas, sem partir para o ataque pessoal. Esse é o exemplo que temos quando figuras como Trump e Doria reagem a críticas públicas com ataques pessoais. Um triste dia para o jornalismo em particular, mas para a sociedade como um todo”.

A melhor resposta a Danilo Gentili veio do jornalista Ronald Rios, que trabalhou no CQC e teve um programa na TV Gazeta.

No Twitter, Rios contou que tempos atrás foi contratado pela Paris Filmes para apresentar painéis sobre filmes na Comic Com, inclusive um de Danilo Gentili (outro, não este).

Os dois tinham se estranhado antes, mas Rios topou a empreitada. Diz que Gentili, ao ser procurado por ele, ficou sem jeito.

“O bicho tremeu igual vara verde quando eu fui cumprimentá-lo. Quase gaguejando. Todo aquele sarcasmo dele se escondeu entre as perna”, disse. “Desencanei e esperei o evento”.

Só que não aconteceu.

“Uma produtora da Paris Filmes veio completamente envergonhada falar que o Danilo exigiu que eu não apresentasse o painel do filme”, contou.

Rios comandou outras rodas e deixou Gentili para lá. “Eu perguntei para a moça da Paris Filmes: ‘Bom, eu continuo sendo pago?’ Ela: ‘Claro.’ Eu: ‘Então deixe ele lá com suas inseguranças.’”

Por fim, Rios esclareceu que decidiu falar a respeito por conta dos ataques ao jornalista da Folha:

“O Danilo Gentili é um homem covarde e perdido nas suas inseguranças reacionárias.”

“Nunca tinha detalhado essa história com ele em respeito a Paris Filmes. Mas taí. Esse é o humorista corajosão da direita. Uma galinha frouxa.”