Delação da JBS é investida de Janot contra Temer por causa de nomeação para a PGR, diz membro do MPF ouvido pelo DCM. Por Ribamar Monteiro

Atualizado em 19 de maio de 2017 às 14:30
Janot, Cármen Lúcia e um popular

Por Ribamar Monteiro, de Brasília

Após o vazamento dos áudios da conversa de Michel Temer com o dono da JBS, Joesley Batista, o DCM conversou com uma fonte do Ministério Público.

Segundo ele, apesar de estar claro que Lula é o alvo do MPF, a eleição para o cargo de Procurador-Geral da República é o fator principal que justificaria a investida contra Temer, agora na corda bamba.

“O presidente insinuou que poderia nomear alguém da lista tríplice que não fosse o primeiro indicado pelo MP. Tudo leva a crer que Raquel Elias Ferreira Dodge seria nomeada por Temer, adversária de Rodrigo Janot, que tenta novo mandato. O atual PGR tentará evitar isso a todo custo. Essa operação é uma prova disso”, avalia.

“As provas contra Temer são muito mais frágeis do que o proclamado pela imprensa. Não há indício claro sobre a tal mesada da JBS ao Cunha. ‘É bom manter isso’ parece dizer respeito, muito mais, ao cultivo de boa relação com ex-presidente da Câmara, e a frase ‘todo mês’ está solta, sem contexto”, diz a fonte, complementando que a “fita incrimina muito mais o próprio Joesley”.

Na visão dele, Temer não era obrigado a tomar nenhuma atitude em relação ao que o dono da JBS narrava. “O presidente não tem dever legal sobre isso. Joesley não é seu subalterno. A questão é muito mais moral e política. Ele deveria, sim, pedir, no mínimo, mais respeito, já que é um chefe de Estado”.

Por outro lado, de acordo com nossa fonte, no plano político, o que o áudio revela é o papel de Joesley Batista na destituição de Dilma. “Quando o Joesley fala que esteve com Temer na época do impeachment e que já pagou tudo, quitou as últimas prestações, mostra que a JBS foi uma, ou a financiadora do golpe parlamentar”, afirma.

“Não é à toa que Joesley pôde indicar o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central. Isso indica um imenso peso político”.

Quanto à tática do MP de colocar escutas sem autorização judicial seria uma estratégia controversa, “típica da meganhagem”.