Denunciado por ofender a dignidade humana: como a Alemanha lida com o Bolsonaro deles. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 31 de agosto de 2017 às 8:20
Alexander Gauland, um Bolsonaro alemão

 

Por motivos óbvios, a Alemanha é modelo de como lidar com discursos de ódio de uma extrema direita cada vez mais estridente.

Um fascista como Jair Bolsonaro, por exemplo, dificilmente vicejaria lá. 

Bolsonaro comete suas atrocidades há anos e uma única mulher o combate verdadeiramente: a deputada Maria do Rosário.

Não se cobre JB a sério na GloboNews. Michel Temer jamais repudiou as declarações criminosas do sujeito.

Não estamos falando da sua tia, mas de um candidato a presidente da República em segundo lugar em todas as pesquisas, com um exército disposto a matar ou morrer.

Eis o que aconteceu com o líder do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), Alexander Gauland, segundo conta a DW:

O ex-juiz da Corte Federal de Justiça da Alemanha Thomas Fischer apresentou uma denúncia contra o líder do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), Alexander Gauland, por incitação ao ódio racial.

A acusação, encaminhada à Promotoria Pública de Mühlhausen, é referente às declarações de Gauland sobre a comissária de integração do governo federal, Aydan Özoguz.

Durante um evento de campanha em Eichsfeld, na Turíngia, o líder populista de direita disse que Özoguz, que tem raízes turcas, poderia ser “descartada na Anatólia”.

O comentário foi uma resposta à comissária, que tinha dito que “uma cultura especificamente alemã, além do idioma, simplesmente não é identificável”.

O populista pediu aos presentes no evento para convidarem Özoguz a visitar Eichsfeld e mostrá-la o que é específico da cultura alemã. “Depois ela nunca mais virá aqui e nós poderemos então descartá-la na Anatólia, graças a Deus”, afirmou.

Na denúncia de cinco páginas, o jurista classificou a declaração como uma ofensa à dignidade humana por meio do ultraje e desdém maldoso e afirmou que o vídeo do discurso rebate a defesa de Gauland que alegou ter formulado o comentário espontaneamente.

Posteriormente, em meio a críticas, Gauland recuou no uso da palavra “descartar”, mas manteve a linha de suas observações em entrevistas à imprensa alemã.

As declarações foram duramente críticas pela chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, que condenou como “racista” o comentário, e pelo seu principal oponente na eleição, o socialdemocrata Martin Schulz, que parabenizou a denúncia feita pelo ex-juiz.

Ex-membro da ala mais dura do partido de Merkel, Gauland, de 76 anos, é um dos integrantes mais proeminentes da AfD e já foi acusado outras vezes de fazer comentário racistas. Numa das declarações, o alvo do populista foi o zagueiro Jérôme Boateng. Ele declarou que “as pessoas o acham um bom jogador de futebol, mas não querem um Boateng como vizinho”.