Depois do golpe, o STF julga Cunha para limpar o terreno de Temer. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 4 de maio de 2016 às 20:03
Eles
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A decisão do STF de julgar a ação da Rede pedindo o afastamento de Eduardo Cunha está no cronograma do impeachment. O STF não pode afastá-lo, e sim pedir o afastamento. Ele deve fazer seu sucessor e continuará operando nos bastidores o exército que tem no bolso.

Se sair, vai recorrer. Para seu lugar, deve tentar emplacar dois paus mandados: Jovair Arantes, relator do impedimento na Câmara, cuja folha corrida inclui envolvimento na “máfia dos sanguessugas” e a cobrança de propina por indicações, e André Moura, que responde a seis processos no Supremo.

O STF trabalha, sobretudo, para limpar o terreno para Michel Temer, dar uma resposta às pressões e vender uma ilusão de equanimidade.

Cunha já fez tudo o que tinha direito, o que não tinha e entregou a cabeça de Dilma. O golpe está dado e os ministros podem sair na foto como defensores da democracia.

Temer começa a se livrar de um embaraço e agradece.

Na ação, a Rede argumenta que ele não poderia estar na linha sucessória de Michel Temer — o qual, numa entrevista para o Jornal Nacional, preferiu não responder o que achava de ser substituído por um réu no STF.

Em dezembro, a Procuradoria Geral da República já havia requerido sua saída. Não há previsão de quando o tribunal irá analisar. Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, afirma que ainda examina o caso.

Lewandowski explicou o agendamento surpresa. “É uma medida extraordinária. A urgência está caracterizada pelo seguinte fato: na próxima quarta-feira [11], será apreciada pelo Senado Federal a acusação contra a senhora presidente da República, que poderá, em tese, ser afastada do cargo, caso recebida a denúncia”, disse.

“Portanto, está caracterizada a urgência na medida em que amanhã será a última sessão antes daquela próxima quarta-feira”.

Então tá.