Dilma tem que reagir exemplarmente ao crime de injúria e difamação de Lobão. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 12 de julho de 2015 às 17:56

image

Qual a diferença entre um adesivo em que Dilma aparece de pernas abertas e chamá-la de Dilma Bandida?

Nenhuma.

Por isso mesmo, a reação deve ser a mesma. Enérgica, exemplar, imediata.

Lobão achou que tinha sido muito criativo ao transformar, num show vazio em São Paulo, Vida Bandida em Dilma Bandida.

Se foi mesmo criativo, não sei. Mas ele foi criminoso. Cometeu um crime de injúria e difamação, e tem que responder por isso.

Não é importante apenas para Dilma. É importante, mais ainda, para a sociedade.

Você não pode deixar a semente da barbárie se alastrar impunemente.

Tolerância zero com este tipo de delito é uma demanda da civilização, na verdade.

A impunidade estimula o mesmo tipo de comportamento cheio de ódio e violência.

Onde isso foi dar?

Lobão parece culpar Dilma, Lula e o PT pelo seu envelhecimento e pela baixa produção artística das últimas décadas.

Analfabeto político por excelência, ele encontrou dois mestres do mal em sua louca cavalgada.

Um é a revista Veja, que encheu sua cabeça de informações erradas, desonestas e canalhas.

O outro é Olavo de Carvalho, que reforçou a lavagem cerebral da Veja sobre Lobão.

O resultado é que ele virou um velho reacionário, recalcado, amargurado,  repleto de ódio.

E sem palavra.

Lobão tinha prometido deixar o Brasil caso Dilma vencesse. Mas mudou de ideia, o que é uma pena, pelo exemplo nocivo, sinistro que ele representa.

As pessoas têm que saber que há um limite de civilidade que não pode ser transposto, ou o país vira um caos.

O argumento mais obtuso é que se trata de liberdade de expressão.

Não. É crime, a não ser que ele tenha provas de que Dilma é bandida.

Um juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos foi quem definiu com mais clareza os limites da liberdade de expressão.

Cerca de meio século atrás, ele disse que, num teatro lotado, se alguém gritar fogo, não poderá depois invocar a liberdade de expressão. Sua fala poderá provocar uma tragédia.

É uma definição clássica, citada com frequência em casos em que se debate a liberdade de expressão.

No mundo moderno, uma amostra dos limites é que nos Estados Unidos você não pode fazer apologia do terrorismo e depois invocar a liberdade de expressão.

Você será imediatamente preso.

Ah, você pode retrucar: a Justiça brasileira é um horror. Não adianta processar. Danilo Gentili mandou um negro comer bananas e foi absolvido porque o juiz considerou que não havia ofensa na oferta.

Não faz mal.

O mínimo que se pode fazer é incomodar o ofensor em casos como o de Lobão.

Mantega, acertadamente, decidiu processar o desequilibrado que o insultou num restaurante. Lula também seguiu o mesmo caminho com Caiado.

Estão certos.

Para o bem da sociedade, Dilma tem que reagir imediatamente – e com estrondo.

As vozes do ódio não podem achar que podem tudo. Porque, se eles podem tudo, o resto não pode nada.