Louvado por Bolsonaro, ditador Stroessner torturou 20 mil e era um pedófilo reiterado

Atualizado em 15 de outubro de 2022 às 21:10
Figueiredo e Stroessner em Itaipu em 1982: ídolos de Bolsonaro

Bolsonaro foi a Itaipu, em Hernandarias, a 340 quilômetros a leste de Assunção, para a posse do novo diretor brasileiro da binacional, Joaquim Silva e Luna.

Em ato ao lado do presidente do Paraguai, Mario Abdo, rendeu tributo ao ditador Alfredo Stroessner, morto em 2006 em Brasília, onde estava exilado.

“Isso tudo não seria suficiente se do lado de cá não houvesse um homem de visão, um estadista, que sabia perfeitamente que o seu país só poderia progredir se tivesse energia. Então aqui também a minha homenagem ao nosso general Alfredo Stroessner”, disse.

Lembrou também de João Batista Figueiredo, último mandatário do regime militar no Brasil, por ter ligado a primeira turbina, e afirmou “esquerda nunca mais!”

Bolsonaro aprecia um lixo humano. Ustra é só o chefe do quartel em seu coraçãozinho. Stroessner governou o Paraguai por 35 anos até 1989.

Nesse período houve 59 execuções extrajudiciais, 336 desaparecidos, 18 772 torturados e 3 470 exilados, segundo relatório da Comissão de Verdade e Justiça.

O dia 3 de fevereiro marcou três décadas desde que ele foi foi destituído em um golpe liderado por seu sogro e o até então o braço direito Andrés Rodríguez.

Filho de um imigrante alemão, Stroessner se juntou ao exército com 16 anos. Foi candidato único pelo Partido Colorado nas eleições de 1954. Tinha 41 anos.

Manteve-se na base de repressão policial brutal, dos esquadrões da morte e da imposição de lei marcial. Stroessner dissolveu o Parlamento, banindo partidos de oposição e expurgando os adversários de sua agremiação.

A cada quatro anos, realizava eleições fraudulentas nas quais sempre vencia de lavada.

Modificou a Constituição de modo a permitir-lhe a reeleição permanente. Teve, como não poderia deixar de ser, amplo apoio financeiro dos Estados Unidos por causa de sua luta “contra o comunismo” (sic).

O contrabando de álcool, drogas, carros e animais exóticos, favorecido geograficamente pela localização do Paraguai, entre Brasil, Argentina e Bolívia, tornou-se uma das principais fontes de renda dele.

Arruinou o país e transformou o Paraguai numa cloaca do mercado negro.

Stroessner ficava com parte dessa renda, além de fatias de projetos de infraestrutura como a própria Itaipu.

Comprou a lealdade de seus funcionários, muitos dos quais acumularam fortunas e grandes propriedades.

A concentração de riqueza e terra nas mãos de poucos fez do Paraguai um dos países mais desiguais do planeta de acordo com o índice Gini, juntamente com a Suazilândia e o Bananão.

Era um pervertido.

“Está documentado pelo testemunho de diversas vítimas que Stroessner era um pedófilo e que levavam a ele crianças de 9, 10, 12 anos de idade para terem relações sexuais com ele”, disse à BBC o historiador paraguaio Carlos Pérez Cáceres.

No documentário “Calle de Silencio” (abaixo), uma mulher conta como, quando criança, Alfredo Stroessner abusou dela repetidamente.

O comando das forças armadas próximo do tirano compartilhava do mesmo gosto por esse crime.

Uma casa recebia crianças e adolescentes traficadas para fins sexuais. Eis o “estadista” louvado por Bolsonaro.

É evidente que isso diz mais sobre Jair do que sobre Alfredo.