Do offline para online, negócios brasileiros cresceram em diferentes setores mesmo com a crise. Por Zambarda

Atualizado em 19 de setembro de 2017 às 8:42

O Uber recentemente se envolveu num escândalo com a escritora Clara Averbuck, que denunciou estupro de um de seus motoristas no final de agosto. A polêmica reacendeu o debate sobre a falta de regularização do aplicativo, que não fornece o treinamento ideal de seus funcionários e não fiscaliza os seus serviços.

No entanto, independentemente das críticas que recebeu, o app mudou para sempre o custo do transporte particular nas grandes metrópoles, cortando mais da metade do preço das corridas. E a mudança não aconteceu apenas com o Uber e ela está modificando diversos outros setores dentro do nosso país.

Lancei no dia 13 de setembro o meu livro “Internet Heroes Brasil: As empresas nacionais que constroem um novo mercado trilionário” (Geração Editorial/Jardim dos Livros, 196 páginas). No material fiz 11 perfis de empresas O2O, que são os negócios “online to offline”, ou seja, companhias que fornecem serviços digitais baseados em práticas fora dos computadores e da internet.

Um dos principais concorrentes do Uber no Brasil, a 99, antiga 99taxis, fornece treinamento aos seus motoristas e chegou a ter uma valorização calculada em US$ 10 milhões e entrou no radar de investimentos da Qualcomm Ventures. Na modalidade 99POP, ela oferece carros particulares e não taxis para o consumidor, assim como faz o aplicativo Uber.

Mas há diferentes setores da economia brasileira que são impactados positivamente pelos negócios O2O. A empresa Loggi criou um serviço de motoboys que atende tanto clientes corporativos quanto a pessoa física. Já o app Truckpad integram os motoristas autônomos de caminhão para que eles trabalhem da melhor forma pelas estradas brasileiras.

Sites como Ingresso.com também entraram no segmento de O2O para otimizar a venda de tíquetes pela internet, assim como o HelpSaúde facilita na consulta de procedimentos médicos por planos privados e outras modalidades. E serviços mais de nicho como DogHero permitem que o usuário saiba onde hospedar seu bicho de estimação com assistência 24 horas por dia.

Há histórias de empreendedores que começaram num cubículo e hoje empregam centenas de funcionários nestes serviços digitais. É o caso da aplicação GetNinjas que organiza serviços terceirizados de todos os tipos, de pedreiro até designer e programadores de acordo com a geolocalização do seu celular. Isso facilita para o cliente, que busca o profissional mais próximo, e o freelancer, que chega rapidamente ao trabalho contratado.

O empresário Cristiano Soares conta no livro como foi criar o app Vaniday para conectar serviços cosméticos saindo do escritório montado na casa de sua mãe para abrir filiais fora do Brasil. “O que tentei foi justamente humanizar a relação com cabeleireiros, manicures e todos os profissionais envolvidos num salão.

Queria que soubessem que somos parceiros, não meramente contatos digitais. Falo tudo isso porque os serviços de beleza e o seu mercado são muito offline”. Ele conseguiu crescer quando vendeu parte do negócio para a Rocket Internet, que iria lançar um aplicativo concorrente.

“Historicamente temos serviços offline que funcionam muito bem, mas que não exploram a audiência maciça do universo online. Isso acontece porque não é a especialidade deles”, afirma no livro Alex Tabor, um dos desenvolvedores do Peixe Urbano ao lado de Julio Vasconcellos.

Os dois criaram um negócio que explodiu com o fenômeno das “compras coletivas”, oferecendo tíquetes de desconto, e depois desenvolveram um comércio digital. Toda a estrutura da empresa cresceu quando o dólar não estava em alta, no começo do governo Dilma.

O livro também conta a história do iFood, que compara preços de delivery de comida em casa e traz promoções para seus clientes no aplicativo. Ou seja, não é somente o taxi que mudou com os O2O, mas todo e qualquer serviço que pode ser digitalizado hoje.

Os apps diminuem custos do serviço e oferecem os melhores preços para os clientes.

Todos esses apps e empresas existem há cerca de cinco anos e se popularizaram graças a Lei do Bem, que reduziu o preço de alguns eletrônicos a partir de 2011, e a popularização dos smartphones e dos tablets. Na China, o mercado O2O já ultrapassa US$ 1 trilhão em circulação.

De acordo com a ABO2O (Associação Brasileira O2O), o Brasil poderá ter um mercado de R$ 1 trilhão até 2020, considerando que essas empresas podem crescer mais do que 100%. “Internet Heroes” também traz informações sobre consumo digital do Brasil e da América Latina de pesquisas da empresa Kantar, do grupo WPP.

As reportagens dos perfis foram produzidas ao longo de oito meses com apoio da ABO2O. Embora o livro traga o título de “heróis”, as histórias são de gente comum que estão melhorando diferentes serviços no Brasil. Empreendimentos que estão crescendo na maior crise econômica do período democrático, agravada em tempos de governo Temer.

“Internet Heroes Brasil” está disponível para compra nas principais livrarias brasileiras por R$ 32.