Doria quis exterminar a cracolândia e acabou extinguindo a si mesmo — mas a culpa é de Haddad. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 1 de junho de 2017 às 8:54
Fim de uma farsa

Durou pouco mais de 100 dias a lua de mel de São Paulo com João Doria.

Nesse período, ele fez marketing e jabá, basicamente, não necessariamente nessa ordem.

Fantasiou-se de gari, puxou o tapete de seu criador, virou a grande esperança branca da extrema direita para presidente — e se afundou na ação catastrófica na cracolândia.

O higienista maluco achou que poderia resolver uma tragédia crônica de uma megalópole com a polícia e a especulação imobiliária.

Apanha diariamente da mídia amiga, o que não esperava. A truculência estudada, cultivada para ganhar eleitores de Jair Bolsonaro, o levou a puxar briga com carnavalescos, jogar flores no chão e chamar de “Lula” (?!?) qualquer ser humano que ousasse divergir dele.

A última jogada é típica de covardes e meninos mimados: terceirizar a responsabilidade.

Num evento nesta quarta, dia 31, Doria apontou o dedo para o antecessor Fernando Haddad quanto questionado sobre a burrada na cracolândia.

“Pergunta para o prefeito anterior”, disse a jornalistas que queriam saber da debacle no centro.

Haddad, elegantemente, não se manifestou.

Doria sempre foi uma fraude, mas agora não engana mais ninguém.

O estilo fascistoide contaminou até o secretário de Cultura André Sturm, um senhor pacato e franzino que, imitando o chefe, ameaçou um agente cultural de quebrar-lhe a cara numa reunião.

Afinal, se o prefeito faz isso todo dia, por que não o fariam seus subordinados?

O golpe que faltava eram seus miquinhos amestrados do MBL o trocarem por Bolsonaro. Não falta mais.

João Doria quis exterminar a cracolândia na base da porrada. Acabou extinguindo-se a si mesmo.

Mas a culpa, como sempre, é do PT.